Pegou uma taça de prata e a levou até sua boca. Estava
inconformada com a situação. Seus amigos já lhe atualizaram do que acontecera
antes dela acordar e o sentimento dentro de si não poderia ser mais devastador.
— Nós precisamos ir! — Disse Dioniso para Alpha, enquanto
tirava a taça de suas mãos.
— Como eu vou seguir, Dioniso? — Estava visivelmente triste e não queria esconder isso. Estava disposta a descontar em qualquer um que aparecesse em sua frente.
— Ela fez isso para que você pudesse completar a missão. Não
deixe que a morte dela tenha sido em vão – Pediu para a fada. Assim como ela,
também se importava com Anala, embora não demonstrasse tão claramente quanto
ela. A dupla foi interrompida por Terrena, que voltara ao lado de Trish.
— Como Focus está? — Dioniso perguntou, antes que o silêncio tomasse conta do lugar.
— Melhorando — Respondeu. Estava tão triste quanto os
demais, sentia que a culpa era principalmente sua, mas não tinha nada a fazer.
Caminhou até Alpha, levantou o rosto da jovem garota e a encarou.
— Você precisa ser forte agora. Tem um reino caindo aos
pedaços que precisa da sua ajuda. Ela fez o que tinha que fazer e agora é a sua
vez de fazer o mesmo.
— Tudo bem... Eu vou continuar, eu só... Preciso digerir tudo, e além do mais... Tem algo faltando – Disse, mal conseguindo se expressar. Sabia que tinha uma missão para cumprir, mas não sabia como iria finalizá-la.
— É o que acontece quando se perde alguém. Mas está tudo bem — Disse, na tentativa de confortar o coração da menina.
— Não, não é isso — Alpha era bem sensitiva e sabia que algo
estava errado, só não conseguia saber o que era — Mas enfim... Nós precisamos
saber como vamos chegar a Arena de Gelo, nós acabamos nos perdendo por causa
das banshees — Disse, mudando o assunto, queria logo acabar com todo aquele
clima pesado.
— Não se preocupe, eu tenho alguém para levar vocês até o
limite entre a floresta e a arena. Darrah! — Gritou. Desta vez, chamando por
alguém. Não demorou muito e desceu uma menina alta e forte, com as mesmas
características do menino que morrera pelas mãos da sereia: ela tinha asas
marrons e o corpo coberto de penas, sem contar as garras afiadas. Provavelmente
eram da mesma espécie, ou até mesmo parentes.
— Essa é Darrah. Ela é uma hárpia e vai guiar vocês nesse
trajeto.
— Estamos longe demais? — Perguntou Alpha, espantando totalmente o clima ruim que estava anteriormente.
— Nós vamos pegar um atalho. Eu conheço todos os lugares
daqui e sei a maneira mais fácil de chegar lá – Disse.
— Ok, então vamos — Parou por um instante — Terrena, você
poderia me fazer um favor? — Alpha pediu, antes de seguir em frente.
— Claro — Respondeu a fada rainha.
— Envie o corpo da Anala para nosso reino. Eu acho que pelo
menos ela merecesse ser enterrada lá – Pediu.
— Tudo bem — Assentiu.
Foram interrompidas por Dioniso que terminava de arrumar sua mochila de suprimentos. Estava pronto para partir fisicamente, não psicologicamente, mas sabia que teria que partir, só esperava o momento em que Alpha decidiria que isso aconteceria.
— Obrigada por tudo — Agradeceu, por fim.
— Boa sorte, Alpha — Desejou a fada.
Os portões principais foram abertos. Alpha, Dioniso e agora sua nova companheira Darrah seguiram em frente. Caminharam alguns metros, com pouca conversa. Só havia silêncio e mais nada. Ninguém se atrevia a dizer uma palavra, exceto por Darrah que em alguns momentos dizia “esquerda, direita”, indicando o caminho a ser seguido.
— Por que vocês ficam tão longe da nossa civilização? — Alpha questionou, mandando o silêncio embora. Obteve dois rostos surpresos como resposta. Darrah e Dioniso estavam tentando respeitar o momento que ela estava passando e não se atreveram a se manifestar. Também não imaginavam que ela o faria.
— Fomos convocadas a nos retirar — Disse a hárpia tirando um grande galho que estava à sua frente para que o caminho ficasse mais confortante.
— Como assim? Você quer dizer banidas? — Perguntou a fada da
água.
— Banidas seria um termo muito... Angustiante — Disse — Não
soa bem quando falo.
— Hmm — Pensou. Já havia quebrado o silêncio e não tinha
mais nada que pudesse fazer, então fez o que sempre soube fazer de melhor:
questionou — Por que vocês foram banidas? O que aconteceu?
— Três mil anos atrás... Você vai gostar de ouvir essa história — Disse, abrindo caminho.
Hárpias, salamandras, silfos, fadas, sereias e todos os
seres possíveis formados pelos quatro elementos estavam reunidos em um só
lugar. Era o castelo real que estava decorado com os apetrechos da coroação,
incluindo os vários tubos elementais que definiam quem seria a fada rainha do
elemento, mas naquela noite não era apenas isso que estava em jogo. Também
tinha a coroação da Fada Fatae, que era o verdadeiro motivo da glória daquele
momento. As fadas não viram apenas uma mulher ser coroada a rainha do elemento
terra naquele ano. Viram também a coroação da Fada Rainha do Espírito Real, que
lideraria o reino por mais três mil anos, no mínimo. Porém, o clima ali era
angustiante.
Estavam todos ali, chocados com a atrocidade que seus olhos
viam. Faye Fairy havia sido coroada a rainha Fatae, mas isso não era o que
deixava todos assustados. Ela estava jogada ao chão, segurava em seus braços o
corpo de sua mãe, ensanguentado, as lágrimas. O povo de Tuatha de Dannan estava
desapontado, pois ela não tomava uma atitude de rainha. Pensavam que ela não
iria seguir o legado que sua mãe deixou. Um homem barbudo, forte, de cabelos
escuros, segurando um tridente e com uma coroa brilhante em sua cabeça tomou a
frente, vendo a decepção de seu povo.
— Povo de Tuatha de Dannan — Iria começar um discurso — Nosso reino hoje sofre de uma perca muito triste. Nos braços dessa jovem garota está a mulher que liderou nosso império de forma espetacular. Ela foi um presente dos deuses em nossa vida. Suas virtudes jamais serão esquecidas. E seus... — Foi interrompido por uma rajada de vento que o jogou para longe. Era Queen Faye Fairy, que estava cansada de ouvir o King Dart falar sobre sua mãe, sendo que em seu pensamento, apenas ela a conhecia de verdade.
— Tudo que esse cara está falando é mentira. Ele é um
manipulador. Assim como todas as sereias são. Vocês querem que eu seja uma
líder? Então eu serei. Eu vou continuar todo o legado que mamãe deixou para
mim, mas eu vou moldá-lo do meu jeito — Dizia com a raiva em sua voz. Estava
tão obcecada em querendo vingança que não percebeu seus inimigos se
aproximarem.
A garota não teve tempo de terminar o discurso, pois logo
foi pega a força por dois guardas do King Dart.
Ele levantou-se um pouco tonto, sequer conseguiu ouvir as palavras ditas por ela, mas sabia que ela estava culpando-o, embora ele estivesse com a consciência livre.
Ele levantou-se um pouco tonto, sequer conseguiu ouvir as palavras ditas por ela, mas sabia que ela estava culpando-o, embora ele estivesse com a consciência livre.
— Princesa Faye Fairy certamente não está raciocinando bem — Disse, observando a garota ser levada para dentro do castelo – Ela está em pânico por causa da morte da mãe. Mas tudo vai ficar bem. Por hoje, acabou — As palavras finais do rei foram o que mais repercutiram no público que ali estava. Eles saíram, desapontados do castelo. Culpando uns aos outros pelo que acontecera.
Estava ajoelhada, com a cabeça em cima do assento do trono
de sua mãe. Chorava e chorava como se fosse encharcar o reino com suas
lágrimas. Faye Fairy estava não só abalada, como estava com sede de vingança.
— Quem você pensa que é para me desmoralizar em público?
Ainda mais envolvendo toda a minha espécie? — Perguntou o King Dart. Ele estava
agora em um tom mais sério e raivoso. Muito menos compreensivo do que
aparentava estar na frente do público.
— Você mandou matar minha mãe! — Disse, sem olhar para trás,
ainda molhava o trono de sua mãe com suas lágrimas.
— Eu não fiz isso e você sabe muito bem porque, Faye Fairy! E o pior de tudo é que você iniciou uma guerra. Como você acha que as sereias e tritões serão vistos agora?
— Como devem ser vistos — Levantou-se agora, com sangue em seus olhos e o encarou — Como abominações.
King Dart achou aquilo demais para seu cérebro processar.
Não pensou duas vezes e deu um soco forte no rosto da menina, que deixou uma
marca vermelha instantaneamente.
— Você vai pagar por isso. Irá lhe doer na alma. Pode ter certeza — Prometeu.
— Guardas! — Chamou seus guardas tritões. Os rapazes musculosos entraram e a levaram embora, gritando e esperneando.
— Por que ela não fez nada? Ela não tinha acabado de ser
coroada a rainha do espírito real? — Perguntava Alpha, ainda mais interessada
na história.
— Oh, ela fez. Ela matou a filha do King Dart — Darrah falou.
— O quê? — A resposta
foi tão chocante que Dioniso e Alpha perguntaram ao mesmo tempo. King Dart era
conhecido por ter apenas filhos homens, uma filha sereia estava muito além do
que eles tinham conhecimento. Principalmente para Alpha, que havia ouvido uma versão um pouco diferente da que Darrah estava contando, mas a hárpia sabia que ainda havia muito que explicar.
— Você não pode prender a Fada Rainha do Espírito Real! — Dizia uma das fadas. Estavam em um rodízio. Ali estavam as quatro fadas daquela geração, a rainha da água, do fogo, do ar e a recentemente coroada, da terra.
— Então o que eu faço? Simplesmente a deixo agir por seus
impulsos? Isso não vai dar certo. Ela não está agindo com a razão — Dizia o
King Dart, compreensivo.
— Prendê-la também foi por impulso — Disse a fada rainha do
fogo — Você sabe disso.
— Senhor, senhor, aconteceu uma tragédia! — Disse um tritão
adentrando a porta, interrompendo toda a reunião que os seres elementais
estavam fazendo para decidir o futuro do reino.
— O que aconteceu? — Perguntou preocupado.
— Faye Fairy está no quarto de sua filha. — Respondeu,
deixando o tritão rei totalmente paralisado.
Em uma caverna, Faye Fairy tentava escapar de todos os
modos. Havia tentado tomar sua forma de ar, embora não desse resultado. Também
tentou fazer um terremoto, mas nada acontecia. Não sabia se não tinha controle
total dos elementos ou se a prisão era anti habilidades. Só não conseguia
usá-los por alguma forma.
— Ei, você — Disse
chamando um guarda Elfo que estava parado lhe vigiando – Você quer ser alguém respeitado nesse local? Tire-me daqui — Ele nem deu ouvido, continuou parado
ignorando-a – Mais cedo ou mais tarde eu vou me tornar a rainha disso tudo
aqui, não tem como me impedir. E se você não me ajudar agora, irá sofrer as consequências mais tarde — Ameaçou o rapaz.
— Se eu te ajudar agora, irei sofrer as consequências agora — Disse ele.
— Você me ajuda, eu te ajudo — Disse, oferecendo um acordo.
O elfo pensou bem, olhou para os lados e não viu ninguém se aproximar. Apertou
o botão e liberou as grades que prendiam Faye Fairy.
— Me leve até o quarto da sereia rainha — Ordenou, ao sair da prisão.
— Mas... — Estava tentando relutar. Não sabia se estava
fazendo a coisa certa.
— Agora! — Ordenou mais firme ainda. Quando o relógio que estava pendurado na parede caiu, devido ao tom da fada caiu no chão, ele não teve escolha a não ser fazê-lo.
Parou na porta do local e fez o Elfo abri-la. Entrou e viu
um tritão parado cuidando de um grande aquário. Ali dentro havia uma pequena
sereia. Ela era apenas um bebê.
— O que você está fazendo aq... — Não teve tempo de
completar a frase, pois foi arremessado pela janela por um vendaval mandado por
Faye Fairy. O local todo começou a sentir seu poder se manifestar. Estava no
auge da glória. Trancou a porta com o vento, deixando o elfo do lado de fora.
Foi até o grande aquário e viu a criança com uma cauda de sereia nadando de um
lado para o outro.
— Você é uma gracinha... Uma pena ter nascido do pai errado.
Desculpe-me por isso. Mas ele tirou o que eu mais amava. Agora eu tenho que
fazer o mesmo — Olhou para o aquário bem firme e seus olhos refletiram o fogo.
A água do aquário foi ficando quente e cada vez mais quente. O bebê sereia já
estava desconfortável e a temperatura cada vez aumentava mais. Quando os
poderes se intensificaram e a água começou a borbulhar, já não tinha mais nada
que ela pudesse fazer. O bebê sereia estava morto.
— Abra essa porta, Faye Fairy! — Gritava a voz grossa do
King Dart do outro lado. Ele empurrou a porta com força e pode ver então, o
local todo destruído. Sua filha, agora era apenas um cadáver e até mesmo o aquário
estava em cacos. Foi até a janela e a viu voando para longe. As outras fadas
estavam apenas chocadas com tudo que havia acontecido, não conseguindo
manifestar reação alguma. Sentiram o vento soprar forte sobre seus ombros. Estavam
quase chegando a seu destino final.
— Estamos perto — Darrah disse.
— Bom... Mas Faye Fairy está no
poder. Isso significa que ela não foi punida.
— Ela não foi punida. Nós fomos. Faye Fairy estava tão descontrolada que ninguém podia detê-la. Nem mesmo as quatro fadas juntas.
Uma tempestade começara a cair. Os
trovões clareavam o céu escuro, anunciando que a chuva iria chegar. A fada
rainha do espírito real estava em pleno vôo causando todo o fenômeno. As
criaturas que iam embora foram interrompidas por sua voz no alto.
— Hoje, nós, as fadas fomos
atacadas brutalmente. Alguém matou minha mãe. Não sabemos quem, mas sabemos por
ordem de quem. King Dart quer o reino todo para si, mas isso não vai ser
possível porque eu estou aqui para impedi-lo. A partir de amanhã, toda e
qualquer sereia que for vista andando nesse reino terá a morte como punição.
Vocês estão destinadas a ficarem para sempre em seu reino submerso, de volta as
águas. Mas aqui? Nunca mais.
Uma enorme correria foi vista. As
sereias e tritões que estavam presentes não tiveram opções, fugiram para o
oceano desesperadas, temendo por suas vidas. Algumas das outras criaturas
estavam adorando tudo aquilo e resolveram interferir nas regras de Faye Fairy,
matando algumas delas a sangue frio. Causando um verdadeiro banho de sangue.
— Primeiro dia de Fada e isso me
acontece — Disse a fada rainha da terra daquela geração. Ela limpava o castelo
que estava cercado de sangue, com a ajuda das outras fadas.
— Você agiu da forma mais errada
que pôde, Faye Fairy — Disse o King Dart para ela, estava com suas “malas”
prontas para voltar a seu reino embaixo da água.
— E o que você vai fazer a
respeito disso? — Ela o desafiou.
— Não posso fazer nada a aceitar minha perda. Mas um dia
você irá perder também. Não importa como e nem por quem. Mas um dia, alguém irá
te destruir da mesma forma que você destruiu minha espécie – Prometeu. Não
podia fazer nada além de ir embora, pois após a morte de uma quantidade
relevante de seres de sua espécie, ele tinha um novo exército para criar no
futuro. Pegou suas coisas e foi em direção ao oceano.
— Essa foi difícil — Disse a novata que escutava tudo.
Sentadas no salão do castelo real. As fadas rainhas decidiam
tudo que iria acontecer com o reino em breve.
— Criaturas da Terra e do Fogo irão morar na Floresta Negra.
Construiremos uma arena de gelo nas águas mais geladas que ficam após a
floresta, para os seres que lá habitam. — Disse firme.
— O quê? — Perguntou a fada rainha do fogo. Estava indignada
com aquela atitude.
— A minha intuição é fazer um habitat para cada espécie. Não
precisamos juntar todos em um só lugar. Vocês viram o que aconteceu quando
juntamos e o que está acontecendo agora, está um verdadeiro caos.
— Ela está certa — Disse a rainha da água, estava gostando de ter um reino só para si e suas criaturas. Seria muito mais fácil para ela.
— Muito me espanta você gostar, Elsie, afinal, é a menos
egoísta, prepotente, orgulhosa e egocêntrica daqui, não é? — Disse com ironia a
fada do fogo, para a fada da água.
— Eu não me importo. Na próxima coroação eu já vou sair
mesmo, decidam vocês — Disse a fada rainha do fogo, irritada com a decisão e
percebendo que a mesma iria ignorá-la.
— Eu não sei como nós vamos explicar isso para todos eles
sem que pareça que eles estão sendo banidos daqui – Disse a fada rainha do ar,
a mais inteligente dali.
— Eu não me importo com isso. Apenas mantenham suas
criaturas longe daqui. Aqui ficarão apenas as fadas, elfos e duendes.
— Supondo que as criaturas da água vão morar no gelo, as do fogo e da terra num local tenebroso... Eu provavelmente vou pro céu? É isso? – A fada rainha do ar questionou.
— Exatamente — Afirmou.
— Não é uma má idéia afinal de contas. Fica mais fácil de ter o controle de todas as situações que acontecem. Podemos criar nossas próprias regras sem ninguém intervir e fazendo o que seja melhor para cada Elemental que nós cuidamos — Disse a fada rainha do ar, parando para analisar melhor a situação.
— Você está certa — A rainha do fogo se convenceu após as palavras da rainha do ar. Ela tinha esse dom. Qualquer coisa que a fada do ar dissesse, as demais seguiriam.
— Então, vamos contar as novidades? — Disse com um sorriso no rosto.
— E foi assim que tudo foi separado — Terminou de explicar.
— Só não entendo o porquê da Queen Faye Fairy não ter nos
contado a história completa. Mas no fim das contas, não foi uma má decisão. Se
já é difícil viver entre fadas e elfos, imagina com banshees e salamandras
andando por aí — Disse Alpha, convencida da história.
— Para você pode ter sido, para nós não. Sentimos-nos excluídas
da população. Tem sido... Solitário — Disse com um tom triste — Mas não
importa. Chegamos.
— Como assim chegamos? — Dioniso perguntou — Ainda há trevas
por toda a parte.
— Está escuro, vocês não vão conseguir ver melhor. Eu tenho
uma visão para o dia, então consigo enxergar e de forma mais aguçada. Está bem a
nossa frente, mas eu não posso passar, vocês sabem, existe o limite que uma
criatura pode atravessar ou não.
— Eu também não posso continuar, Alpha, você sabe, eu
provavelmente morreria congelado ali — Disse com um sorriso pequeno em seu
rosto.
— Tudo bem, Dioniso. Darrah. Obrigada por me acompanharem
durante todo esse tempo. Eu vou fazer o tempo de vocês ter valido a pena –
Prometeu. Alpha abraçou os dois individualmente.
— Fica bem, ok? — Disse Dioniso, acariciando o rosto da menina. Ela estava prestes a desabar em lágrimas, mas conteve-se.
— Eu odeio despedidas — Disse, com um pequeno sorriso
também.
— Boa sorte — Darrah desejou.
— Obrigada — Agradeceu.
Alpha então seguiu o caminho sozinha. A cada passo que dava,
as rajadas de frio aumentavam. Para ela foram desconfortantes no começo, mas
como era uma fada rainha da água, acostumou-se rapidamente com a baixa
temperatura. Ao pisar em um chão mais raso, não teve dúvidas, havia chegado.
Passou então por uma última árvore que cobria sua vista e pode então ver. Era
lindo o local. Não era apenas uma arena de gelo, era como um verdadeiro império
de cristal. Sentiu um floco de neve cair em seu nariz e abriu um sorriso que
surpreendeu a ela mesma. Estava feliz por estar em contato com tudo aquilo,
mesmo nos primeiros momentos. Sentia-se em casa.
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