sexta-feira, 25 de julho de 2014

Capitulo 08 : Fatae (parte 2)

Não pode esconder sua alegria ao estar em contato com o elemento que praticamente lhe deu a vida. E sentia o mesmo vindo daquele local, era como se sempre pertencesse a aquele lugar. Não sabia como ficava tão perto de um lugar tenebroso como a Floresta Negra, mas ao mesmo tempo tão distante em relação à sua calmaria. Quando por fim colocou o segundo pé no raso chão feito de cristal, pode sentir uma mudança climática. Era como se sua presença tivesse despertado algo. Ou melhor. Acordado algo. Avistou, não muito longe, um castelo feito de gelo em meio a aquele grande e branco vácuo a sua frente.

— Você consegue — Disse para si mesma. Estava nervosa. Sabia que assim que desse o próximo passo, não haveria como voltar. Ergueu a cabeça, confiante. Soltou suas asas, colocando-as para fora. Não podia olhar, mas sentia que estavam mais vibrantes, brilhosas e vivas do que jamais estiveram anteriormente. Levantou pouso e dirigiu-se até o castelo, observando do alto a paisagem radiante que em breve lhe seria dada como reino. Pousou cautelosamente em frente ao castelo.

— O que eu devo fazer? — Pensou consigo mesma. Não sabia que atitude tomar. Tinha medo de bater na porta do castelo e a mesma quebrar. Andou de um lado para o outro, a procura de uma alavanca ou algo que lhe abrisse a passagem, mas nada. Antes que pudesse gritar o nome de Elsie, os primeiros caracteres que vieram a sua mente foram os números 8, 13, 17 e 22.

— Oito — Falou, na espera de que algo acontecesse. Nada aconteceu, pelo menos por alguns segundos. Pode ouvir alguma coisa deslizar do outro lado da porta. Então, abriu um longo sorriso e continuou.

— Treze — E a maçaneta de cristal foi virada — Dezessete — As portas começaram a tremer lentamente — Vinte e dois — E por fim, as portas do castelo foram abertas. Alpha observou tudo com grande satisfação. Era um palácio mágico. Desceu os primeiros degraus de gelo e pode ouvir as portas fecharem por trás de suas asas, na qual ela sacudiu lentamente, tirando os primeiros flocos de neve que começavam a pesar naquele momento. Guardou seu par de asas e continuou descendo as escadas.

À sua frente, uma enorme piscina com uma água totalmente cristalizada. Sentiu que deveria fazer o que sua mente mandou. Continuou andando, até a borda daquela piscina. Sem muitos esforços, colocou o primeiro pé, mas não afundou. O sorriso em seu rosto pode ser notado novamente. Colocou o segundo pé e pode ver, estava em cima da água. Caminhou pela piscina lentamente, queria aproveitar aquele momento. A sensação era única. Era como se a água abaixo de seus pés começasse a fluir por todo seu corpo, lhe dando uma sensação prazerosa. De leveza. Pureza. Era o que a água fazia com ela.

Colocou seu pé no piso de gelo, sem acreditar que já havia finalizado o percurso pela água. Pode ouvir um soar de palmas por trás de sua orelha. Virou-se, surpresa. Observou uma mulher loira, de cabelos cacheados. Não cacheados volumosos como os de Flânis. Mas um cacheado curto e bem fino.

— Eu esperei por este momento durante praticamente toda a minha vida — Disse a mulher que aplaudia Alpha, que visivelmente estava tímida. Ela aproximou-se da jovem fada e lhe deu um abraço apertado. A própria não entendeu nada. Acariciou o rosto da garota com delicadeza — Tão suave quanto o meu, quando eu tinha sua idade — Disse, virando-se de costas. Alpha pode ver um xale de cor branca, cobrindo suas asas, provavelmente machucadas que caíam aos pedaços.

— O que houve com suas asas? — Perguntou preocupada com a situação da fada.

— É o tempo. Com o tempo elas começam a ficarem cansadas, já não aguentam a neve que cai frequentemente em seu corpo... Sua mente toda enfraquece. Dizem que as asas são a fonte de energia de uma fada, não o corpo em si — Observou-a se distanciar alguns passos. Alpha estava estranhando toda a situação mas entendeu o que "doente" queria dizer para as fadas. O local estava em perfeito estado. Elsie parecia ser apenas uma fada anciã. Não parecia estar doente. Parecia estar cansada e com suas forças esgotadas. Mas doente? Não era algo que poderia defini-la. "Um banho resolveria tudo", era o que ela pensava.

— Então, o que fazemos? Eu vou simplesmente ficar aqui... Pra sempre? — Perguntou, seguindo os passos de Elsie. Observou o castelo, que estava também estranho. Não havia portas, além daquela no qual ela entrou. Apenas colunas de cristais bem grandes, que davam a sensação de fortes pilares para quem visse do lado de fora — E o que é esse lugar? — Perguntou.

— Nós falamos disso quando a segunda aparecer — Disse firme, indo ao ponto exato da conversa.

— Que segunda? — Perguntou a si mesma se ela se referia a Anala, embora não tenha dito em voz alta.

— Se não estou errada, nesse ano teríamos duas rainhas coroadas... Estou errada? — Perguntou, olhando para as colunas de gelo, como se dali pudesse ver os anos que passavam — Não. Estou certa.

— Tivemos. Anala, ela morreu no caminho — Disse com cautela. Olhou bem para Elsie e podia ver que se fosse defini-la como humano, seria como uma das "mulheres exaltadas que ficam presa em uma grande casa". Não sabia o que era, mas referia-se a manicômios. Elsie tinha a aparência de uma mulher louca.

Elsie andou observando de ponta, era como se nem prestasse atenção em Alpha e sim a algo que tentasse lhe contatar. Era como se ela falasse com aquele lugar — Infelizmente eu acredito em você, garota. Você pode ouvir? — Perguntou.

— Não, eu não posso ouvir — Disse estranhando tudo — Você pode me dizer o que está acontecendo? Não que eu deseje isso, mas por quê este lugar está vivo? Por que você, ou melhor, este lugar, perdão pelo termo, não está derretendo agora? O que diabos está acontecendo?

— Então foi isso que Faye Fairy lhe disse? Que as geleiras estavam derretendo? Que eu estava morrendo? Eu estou bem viva, garota.

— E que sereias estavam atacando... E meu nome é Alpha. Alpha NiHaus — Apresentou-se. Não esperou um retorno, pois já sabia o nome de Elsie.

— Elsie Latoxx. Não há geleiras derretendo, Alpha. Não tem sereias atacando, ela inventou uma falsa guerra para lhe trazer a exatamente neste lugar. Ninguém está morrendo além da própria Queen Faye Fairy — Disse certa do que estava dizendo, deixando Alpha impressionada — E ela lhe mandou aqui. Você e a sua amiga, que não teve a mesma sorte, para que eu matasse vocês junto dela mais tarde — Disse, aproximando-se de Alpha, que deu alguns passos para trás.

— E o que você vai fazer? — Perguntou, temendo por uma resposta que ela não quisera escutar.

— Eu vou... Idolatrar a nova rainha. Seja qual for a sua função — Disse, ajoelhando-se. Certamente não iria cumprir o pedido de sua superiora e isso incomodava Alpha.

— Que tal a senhora me contar desde o início? — Pediu a fada, mais aliviada com a atitude da anciã, que estava perante aos seus pés — E não precisa disso tudo, eu sou apenas uma fada.

Elsie. A fada rainha do ar. A fada rainha da terra. E. A fada rainha do fogo se reuniam do lado de fora. Após a confusão que matou milhares, elas estavam prestes a se separarem e provavelmente nunca mais iriam se ver.

— Zeni, nós confiamos em você o nosso novo segredo — Disse a fada rainha do ar, para a nova rainha da Terra.

— Está tudo bem, Tenissa — Disse, respondendo para a rainha do ar.

— Vamos fazer um juramento — Pediu Sasha, a rainha do fogo — Iremos guardar esse segredo até que a próxima geração de cada elemento seja formada, assim não teremos que nos preocupar com as novas fadas querendo fazer modificações nas ordens da Princesa Faye Fairy e a paz irá continuar em nosso reino.

Sasha colocou seu dedo a frente, sua ponta chamuscava. Elsie botou seu dedo em seguida, a ponta do seu estava gelada. Em seguida, Zeni, na qual o dedo não poderia estar mais indestrutível. E por fim Tenissa, que passou o dedo por volta dos três demais dedos, canalizando com o ar a energia dos elementos. Mas Elsie tinha outros planos, os dedos de sua outra mão estavam cruzados, aprendera aquilo com um humano.

— Nosso juramento permanece vivo até que a última de nós, Zeni, seja substituída. A fada que quebrar este selo sentirá o peso dos quatro elementos até seus últimos dias de vida — Disse a fada do ar. Os elementos então, juntaram-se num só e transformaram-se em pingentes, que foram colocados no pescoço de cada uma ali. Elas sorriram.

— Zeni, quando formos descoroadas, nossos pingentes se quebrarão. Isso significa que a energia que está em um, passará para o outro. Você como será a última, terá as quatro energias em um só objeto. Essa energia no futuro será muito perigosa, pois não será a mesma energia que temos agora. Nossa energia será conhecida como ancestral pelas futuras fadas da alta classe e poderá ser de ambição para futuros inimigos. É seu dever protegê-lo e escondê-lo em um lugar que ninguém, nem mesmo nós, saibamos da existência.

— Tudo bem — Aceitou o pedido, um pouco nervosa.

Tirou o xale, que cobria seus ombros e revelou então, por baixo de sua blusa, o que ela realmente escondia. O pingente de cristal na qual ela contava.

— Esse não é o pingente da história — Disse, surpreendendo Alpha — É um falso para enganar Faye Fairy. O verdadeiro eu escondi em um lugar que ninguém mais poderá encontrar.

— Então... O selo foi quebrado? Você obviamente continua aqui, e isso significa estar uma ou duas gerações a mais do que você deveria estar — Tinha mil perguntas em sua cabeça e queria a resposta para todas.

Após a descoroação de Sasha, era a vez de Elsie ser destronada. Porém, para ela, o tempo que passara como líder era pequeno demais. Além disso, a cada dia sentia-se melhor na Arena do Gelo, era seu lugar e não iria deixar mais ninguém tirá-lo.

Saiu da sala de Queen Faye Fairy, após ter contado tudo sobre os pingentes. Agora fizera um novo pacto. Poderia ser a rainha da água para sempre, caso trabalhasse para Queen Faye Fairy e posteriormente, destruísse o pingente.

— Depois daquele dia, tudo foi diferente... Eu nunca pude compreender a água da forma que eu compreendia. Nunca me sentia tão leve tocando-a quando me sentira anteriormente. Eu não sabia que aquele pacto dos elementos seria algo real. Achei que fosse simbólico.

— E o que aconteceu com as outras rainhas da água? — Perguntou, imaginando já a resposta que viria.

— Eu as matei usando o pingente. É óbvio, Queen Faye Fairy fez parecer um acidente. Foi difícil calar as demais, mas até isso conseguimos. Uma ameaça aqui e outra ali e elas ficariam de bico fechado.

— E o que impede você de me matar agora? — Perguntou Alpha. Não temia mais Elsie, sabia que ela estava esgotada, se a história fosse mesmo verdade.

— Quando você e sua amiga foram coroadas as rainhas da água, houve uma coisa que Faye Fairy não lhe avisou. Esse não era o ano apenas do elemento água. Esse era o ano do elemento água e da nova rainha Fatae, ou o que chamam de "Fada Rainha do Espírito Real". O que acontece de três mil em três mil anos.

— O que? Não pode ser — Estava surpresa.

— Se sua amiga estiver realmente morta, o que eu duvido, o poder passa então para a fada do elemento atual. No caso da Rainha Fatae, passa para Faye Fairy.

— O que você quis dizer com "eu duvido"? — Não havia sequer prestado atenção nas outras partes, o que lhe importava mais era saber que Anala estava viva.

— Há uma chance... Não muito grande dela estar viva. Faye Fairy esperaria por mim, levando você e ela, caso sobrevivesse, para serem executadas. E então mataríamos as duas juntas. Adquirindo o poder de ambas. Mas... — Suspirou.

— Mas... ?— Indagou.

— Eu estou cansada dessa vida. Eu não quero mais sentir aqueles elementos dentro de mim. Eu não quero poder. Poder não é algo bom. Ele destrói você. E você só percebe isso quando está tarde demais — Disse com um tom mais baixo, quase mudo, mostrando-se arrependida de tudo que fez — Então eu quero deixar as coisas do jeito que elas deveriam ser. A fada rainha da água sendo a fada rainha da água e a Fatae sendo a Fatae.

— Eu estou surpresa, Elsie... Você... Eu não sei, você cresceu. Você é uma boa fada — Disse, dando um abraço na fada anciã, que se surpreendeu — Então, o que fazemos? O qu... — Foi interrompida por Elsie que se movimentou bruscamente perto dela, lhe colocando um dedo em sua boca, para que ela não fizesse mais sons. Alpha entendeu que a mesma queria que ela escutasse algo, então concentrou-se ao lado da fada. E finalmente, pode ouvir o som da água. Não das ondas que eram provocadas pelas rajadas de frio, mas de cada particula mínima de hidrogênio e oxigênio que continha naquela piscina. E por mais que achasse estranho, poderia compreendê-los.

— Repita, querida. Repita — Pediu Elsie.

— D... — Usava o máximo do seu esforço para escutar o que a água queria lhe dizer, pode então, compreender um novo código — Dez — Falou por fim. Mas não parou por aí — Quinze. Dezoito. Vinte. Vinte e Quatro. Vinte e Cinco. Vinte e Nove... — Dizia rapidamente, podendo ouvi-los agora com grande facilidade. Sentiu algo dentro de si querendo sair. Um impulso enorme que ela não conseguia controlar. Pulou nas águas da piscina, para a felicidade de Elsie.

As águas começaram a borbulhar. Alpha ficou ali, no centro, observando tudo aquilo. Os tons começavam a mudar, do branco e claro cristal, foram ganhando uma tonalidade mais azul claro, e esse azul foi crescendo e se espalhando por toda a água até atingir seus tons mais escuros. Então, Alpha afundou, caindo com tudo dentro da água e sendo preenchida por todo o espírito daquele lugar.

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O mesmo espírito que a afundou, a trouxe para cima. Não havia mais aquela piscina e pode então, perceber que não havia mais castelo. Apenas o grande e branco vácuo. Pode também ver, Elsie caindo de joelhos ao chão. Observou bem e pode ver as asas, sua fonte de energia por fim, se dilacerando. Ela estava morrendo.

— O que aconteceu? — Perguntou surpresa.

— Você agora é a rainha da água... — Estava com dificuldade para falar, mas ainda tinha muito a dizer, então respirou por alguns segundos antes de continuar — Mesmo que você seja a Fatae, se sua amiga estiver morta, você também será responsável por este local... — Alpha sentou no local e a acariciou, colocou a cabeça da mesma sobre seu colo e a viu ir embora aos poucos. Observou o pingente no pescoço da anciã.

— O pingente verdadeiro. Era este castelo, não era? — Perguntou, ligando uma coisa com a outra. Não obteve uma resposta com palavras, mas com um gesto feito por Elsie com a cabeça. Ela estava em lágrimas — E qual é o segredo? Por quê tudo isso está acontecendo, Elsie?

— Ela vai estar em seu castelo, uma espécie de porão... Você precisa fazer algo... Por favor... Detenha Queen Faye Fairy, nosso reino precisa de alguém melhor... — Disse, emocionada. Esperava aquilo por uma eternidade. Foram as últimas palavras que ela conseguiu dizer. Apenas dormiu cantarolando um tom que era bastante conhecido pelos humanos, pelo o que Alpha lembrava.

— ...O frio nunca me incomodou mesmo — Disse Alpha, finalizando a canção cantarolada por Elsie, que desapareceu no ar, como se nunca estivesse existido. Alpha viu apenas o pingente jogado ao solo gelado. O pegou. Obviamente tinha ideias em sua mente. Ouviu os gritos de uma banshee ecoarem, anunciando a morte de Elsie.

— Eu espero que este lugar não derreta enquanto eu estiver fora — E levantou-se, determinada, colocando o pingente em seu bolso. Ergueu suas asas, mais fortes, vivas e radiantes do que nunca. Levantou voo e de longe, de bem longe observou o castelo real. Era aquele seu destino e não iria poupar forças para chegar lá e manter seu novo reino a salvo. Com toda a força que pode, seguiu em frente.

Capitulo 07 : Fatae (parte I)

Pegou uma taça de prata e a levou até sua boca. Estava inconformada com a situação. Seus amigos já lhe atualizaram do que acontecera antes dela acordar e o sentimento dentro de si não poderia ser mais devastador.

— Nós precisamos ir! — Disse Dioniso para Alpha, enquanto tirava a taça de suas mãos.

— Como eu vou seguir, Dioniso? — Estava visivelmente triste e não queria esconder isso. Estava disposta a descontar em qualquer um que aparecesse em sua frente.

— Ela fez isso para que você pudesse completar a missão. Não deixe que a morte dela tenha sido em vão – Pediu para a fada. Assim como ela, também se importava com Anala, embora não demonstrasse tão claramente quanto ela. A dupla foi interrompida por Terrena, que voltara ao lado de Trish.

— Como Focus está? — Dioniso perguntou, antes que o silêncio tomasse conta do lugar.

— Melhorando — Respondeu. Estava tão triste quanto os demais, sentia que a culpa era principalmente sua, mas não tinha nada a fazer. Caminhou até Alpha, levantou o rosto da jovem garota e a encarou.

— Você precisa ser forte agora. Tem um reino caindo aos pedaços que precisa da sua ajuda. Ela fez o que tinha que fazer e agora é a sua vez de fazer o mesmo.

— Tudo bem... Eu vou continuar, eu só... Preciso digerir tudo, e além do mais... Tem algo faltando – Disse, mal conseguindo se expressar. Sabia que tinha uma missão para cumprir, mas não sabia como iria finalizá-la.

— É o que acontece quando se perde alguém. Mas está tudo bem — Disse, na tentativa de confortar o coração da menina.

— Não, não é isso — Alpha era bem sensitiva e sabia que algo estava errado, só não conseguia saber o que era — Mas enfim... Nós precisamos saber como vamos chegar a Arena de Gelo, nós acabamos nos perdendo por causa das banshees — Disse, mudando o assunto, queria logo acabar com todo aquele clima pesado.

— Não se preocupe, eu tenho alguém para levar vocês até o limite entre a floresta e a arena. Darrah! — Gritou. Desta vez, chamando por alguém. Não demorou muito e desceu uma menina alta e forte, com as mesmas características do menino que morrera pelas mãos da sereia: ela tinha asas marrons e o corpo coberto de penas, sem contar as garras afiadas. Provavelmente eram da mesma espécie, ou até mesmo parentes.

— Essa é Darrah. Ela é uma hárpia e vai guiar vocês nesse trajeto.

— Estamos longe demais? — Perguntou Alpha, espantando totalmente o clima ruim que estava anteriormente.

— Nós vamos pegar um atalho. Eu conheço todos os lugares daqui e sei a maneira mais fácil de chegar lá – Disse.

— Ok, então vamos — Parou por um instante — Terrena, você poderia me fazer um favor? — Alpha pediu, antes de seguir em frente.

— Claro — Respondeu a fada rainha.

— Envie o corpo da Anala para nosso reino. Eu acho que pelo menos ela merecesse ser enterrada lá – Pediu.

— Tudo bem — Assentiu.

Foram interrompidas por Dioniso que terminava de arrumar sua mochila de suprimentos. Estava pronto para partir fisicamente, não psicologicamente, mas sabia que teria que partir, só esperava o momento em que Alpha decidiria que isso aconteceria.

— Obrigada por tudo — Agradeceu, por fim.

— Boa sorte, Alpha — Desejou a fada.

Os portões principais foram abertos. Alpha, Dioniso e agora sua nova companheira Darrah seguiram em frente. Caminharam alguns metros, com pouca conversa. Só havia silêncio e mais nada. Ninguém se atrevia a dizer uma palavra, exceto por Darrah que em alguns momentos dizia “esquerda, direita”, indicando o caminho a ser seguido.

— Por que vocês ficam tão longe da nossa civilização? — Alpha questionou, mandando o silêncio embora. Obteve dois rostos surpresos como resposta. Darrah e Dioniso estavam tentando respeitar o momento que ela estava passando e não se atreveram a se manifestar. Também não imaginavam que ela o faria.

— Fomos convocadas a nos retirar — Disse a hárpia tirando um grande galho que estava à sua frente para que o caminho ficasse mais confortante.

— Como assim? Você quer dizer banidas? — Perguntou a fada da água.

— Banidas seria um termo muito... Angustiante — Disse — Não soa bem quando falo.

— Hmm — Pensou. Já havia quebrado o silêncio e não tinha mais nada que pudesse fazer, então fez o que sempre soube fazer de melhor: questionou — Por que vocês foram banidas? O que aconteceu?

— Três mil anos atrás... Você vai gostar de ouvir essa história — Disse, abrindo caminho.

Hárpias, salamandras, silfos, fadas, sereias e todos os seres possíveis formados pelos quatro elementos estavam reunidos em um só lugar. Era o castelo real que estava decorado com os apetrechos da coroação, incluindo os vários tubos elementais que definiam quem seria a fada rainha do elemento, mas naquela noite não era apenas isso que estava em jogo. Também tinha a coroação da Fada Fatae, que era o verdadeiro motivo da glória daquele momento. As fadas não viram apenas uma mulher ser coroada a rainha do elemento terra naquele ano. Viram também a coroação da Fada Rainha do Espírito Real, que lideraria o reino por mais três mil anos, no mínimo. Porém, o clima ali era angustiante.

Estavam todos ali, chocados com a atrocidade que seus olhos viam. Faye Fairy havia sido coroada a rainha Fatae, mas isso não era o que deixava todos assustados. Ela estava jogada ao chão, segurava em seus braços o corpo de sua mãe, ensanguentado, as lágrimas. O povo de Tuatha de Dannan estava desapontado, pois ela não tomava uma atitude de rainha. Pensavam que ela não iria seguir o legado que sua mãe deixou. Um homem barbudo, forte, de cabelos escuros, segurando um tridente e com uma coroa brilhante em sua cabeça tomou a frente, vendo a decepção de seu povo.

— Povo de Tuatha de Dannan — Iria começar um discurso — Nosso reino hoje sofre de uma perca muito triste. Nos braços dessa jovem garota está a mulher que liderou nosso império de forma espetacular. Ela foi um presente dos deuses em nossa vida. Suas virtudes jamais serão esquecidas. E seus... — Foi interrompido por uma rajada de vento que o jogou para longe. Era Queen Faye Fairy, que estava cansada de ouvir o King Dart falar sobre sua mãe, sendo que em seu pensamento, apenas ela a conhecia de verdade.

— Tudo que esse cara está falando é mentira. Ele é um manipulador. Assim como todas as sereias são. Vocês querem que eu seja uma líder? Então eu serei. Eu vou continuar todo o legado que mamãe deixou para mim, mas eu vou moldá-lo do meu jeito — Dizia com a raiva em sua voz. Estava tão obcecada em querendo vingança que não percebeu seus inimigos se aproximarem.

A garota não teve tempo de terminar o discurso, pois logo foi pega a força por dois guardas do King Dart.
Ele levantou-se um pouco tonto, sequer conseguiu ouvir as palavras ditas por ela, mas sabia que ela estava culpando-o, embora ele estivesse com a consciência livre.

— Princesa Faye Fairy certamente não está raciocinando bem — Disse, observando a garota ser levada para dentro do castelo – Ela está em pânico por causa da morte da mãe. Mas tudo vai ficar bem. Por hoje, acabou — As palavras finais do rei foram o que mais repercutiram no público que ali estava. Eles saíram, desapontados do castelo. Culpando uns aos outros pelo que acontecera.

Estava ajoelhada, com a cabeça em cima do assento do trono de sua mãe. Chorava e chorava como se fosse encharcar o reino com suas lágrimas. Faye Fairy estava não só abalada, como estava com sede de vingança.

— Quem você pensa que é para me desmoralizar em público? Ainda mais envolvendo toda a minha espécie? — Perguntou o King Dart. Ele estava agora em um tom mais sério e raivoso. Muito menos compreensivo do que aparentava estar na frente do público.

— Você mandou matar minha mãe! — Disse, sem olhar para trás, ainda molhava o trono de sua mãe com suas lágrimas.

— Eu não fiz isso e você sabe muito bem porque, Faye Fairy! E o pior de tudo é que você iniciou uma guerra. Como você acha que as sereias e tritões serão vistos agora?

— Como devem ser vistos — Levantou-se agora, com sangue em seus olhos e o encarou — Como abominações.

King Dart achou aquilo demais para seu cérebro processar. Não pensou duas vezes e deu um soco forte no rosto da menina, que deixou uma marca vermelha instantaneamente.

— Você vai pagar por isso. Irá lhe doer na alma. Pode ter certeza — Prometeu.

— Guardas! — Chamou seus guardas tritões. Os rapazes musculosos entraram e a levaram embora, gritando e esperneando.

— Por que ela não fez nada? Ela não tinha acabado de ser coroada a rainha do espírito real? — Perguntava Alpha, ainda mais interessada na história.

— Oh, ela fez. Ela matou a filha do King Dart — Darrah falou.

— O quê? — A resposta foi tão chocante que Dioniso e Alpha perguntaram ao mesmo tempo. King Dart era conhecido por ter apenas filhos homens, uma filha sereia estava muito além do que eles tinham conhecimento. Principalmente para Alpha, que havia ouvido uma versão um pouco diferente da que Darrah estava contando, mas a hárpia sabia que ainda havia muito que explicar.

— Você não pode prender a Fada Rainha do Espírito Real! — Dizia uma das fadas. Estavam em um rodízio. Ali estavam as quatro fadas daquela geração, a rainha da água, do fogo, do ar e a recentemente coroada, da terra.

— Então o que eu faço? Simplesmente a deixo agir por seus impulsos? Isso não vai dar certo. Ela não está agindo com a razão — Dizia o King Dart, compreensivo.

— Prendê-la também foi por impulso — Disse a fada rainha do fogo — Você sabe disso.

— Senhor, senhor, aconteceu uma tragédia! — Disse um tritão adentrando a porta, interrompendo toda a reunião que os seres elementais estavam fazendo para decidir o futuro do reino.

— O que aconteceu? — Perguntou preocupado.

— Faye Fairy está no quarto de sua filha. — Respondeu, deixando o tritão rei totalmente paralisado.

Em uma caverna, Faye Fairy tentava escapar de todos os modos. Havia tentado tomar sua forma de ar, embora não desse resultado. Também tentou fazer um terremoto, mas nada acontecia. Não sabia se não tinha controle total dos elementos ou se a prisão era anti habilidades. Só não conseguia usá-los por alguma forma.

 — Ei, você — Disse chamando um guarda Elfo que estava parado lhe vigiando – Você quer ser alguém respeitado nesse local? Tire-me daqui — Ele nem deu ouvido, continuou parado ignorando-a – Mais cedo ou mais tarde eu vou me tornar a rainha disso tudo aqui, não tem como me impedir. E se você não me ajudar agora, irá sofrer as consequências mais tarde — Ameaçou o rapaz.

— Se eu te ajudar agora, irei sofrer as consequências agora — Disse ele.

— Você me ajuda, eu te ajudo — Disse, oferecendo um acordo. O elfo pensou bem, olhou para os lados e não viu ninguém se aproximar. Apertou o botão e liberou as grades que prendiam Faye Fairy.

— Me leve até o quarto da sereia rainha — Ordenou, ao sair da prisão.

— Mas... — Estava tentando relutar. Não sabia se estava fazendo a coisa certa.

— Agora! — Ordenou mais firme ainda. Quando o relógio que estava pendurado na parede caiu, devido ao tom da fada caiu no chão, ele não teve escolha a não ser fazê-lo.

Parou na porta do local e fez o Elfo abri-la. Entrou e viu um tritão parado cuidando de um grande aquário. Ali dentro havia uma pequena sereia. Ela era apenas um bebê.

— O que você está fazendo aq... — Não teve tempo de completar a frase, pois foi arremessado pela janela por um vendaval mandado por Faye Fairy. O local todo começou a sentir seu poder se manifestar. Estava no auge da glória. Trancou a porta com o vento, deixando o elfo do lado de fora. Foi até o grande aquário e viu a criança com uma cauda de sereia nadando de um lado para o outro.

— Você é uma gracinha... Uma pena ter nascido do pai errado. Desculpe-me por isso. Mas ele tirou o que eu mais amava. Agora eu tenho que fazer o mesmo — Olhou para o aquário bem firme e seus olhos refletiram o fogo. A água do aquário foi ficando quente e cada vez mais quente. O bebê sereia já estava desconfortável e a temperatura cada vez aumentava mais. Quando os poderes se intensificaram e a água começou a borbulhar, já não tinha mais nada que ela pudesse fazer. O bebê sereia estava morto.

— Abra essa porta, Faye Fairy! — Gritava a voz grossa do King Dart do outro lado. Ele empurrou a porta com força e pode ver então, o local todo destruído. Sua filha, agora era apenas um cadáver e até mesmo o aquário estava em cacos. Foi até a janela e a viu voando para longe. As outras fadas estavam apenas chocadas com tudo que havia acontecido, não conseguindo manifestar reação alguma. Sentiram o vento soprar forte sobre seus ombros. Estavam quase chegando a seu destino final.

— Estamos perto — Darrah disse.

— Bom... Mas Faye Fairy está no poder. Isso significa que ela não foi punida.

— Ela não foi punida. Nós fomos. Faye Fairy estava tão descontrolada que ninguém podia detê-la. Nem mesmo as quatro fadas juntas.

Uma tempestade começara a cair. Os trovões clareavam o céu escuro, anunciando que a chuva iria chegar. A fada rainha do espírito real estava em pleno vôo causando todo o fenômeno. As criaturas que iam embora foram interrompidas por sua voz no alto.

— Hoje, nós, as fadas fomos atacadas brutalmente. Alguém matou minha mãe. Não sabemos quem, mas sabemos por ordem de quem. King Dart quer o reino todo para si, mas isso não vai ser possível porque eu estou aqui para impedi-lo. A partir de amanhã, toda e qualquer sereia que for vista andando nesse reino terá a morte como punição. Vocês estão destinadas a ficarem para sempre em seu reino submerso, de volta as águas. Mas aqui? Nunca mais.

Uma enorme correria foi vista. As sereias e tritões que estavam presentes não tiveram opções, fugiram para o oceano desesperadas, temendo por suas vidas. Algumas das outras criaturas estavam adorando tudo aquilo e resolveram interferir nas regras de Faye Fairy, matando algumas delas a sangue frio. Causando um verdadeiro banho de sangue.

— Primeiro dia de Fada e isso me acontece — Disse a fada rainha da terra daquela geração. Ela limpava o castelo que estava cercado de sangue, com a ajuda das outras fadas.

— Você agiu da forma mais errada que pôde, Faye Fairy — Disse o King Dart para ela, estava com suas “malas” prontas para voltar a seu reino embaixo da água.

— E o que você vai fazer a respeito disso? — Ela o desafiou.

— Não posso fazer nada a aceitar minha perda. Mas um dia você irá perder também. Não importa como e nem por quem. Mas um dia, alguém irá te destruir da mesma forma que você destruiu minha espécie – Prometeu. Não podia fazer nada além de ir embora, pois após a morte de uma quantidade relevante de seres de sua espécie, ele tinha um novo exército para criar no futuro. Pegou suas coisas e foi em direção ao oceano.

— Essa foi difícil — Disse a novata que escutava tudo.

Sentadas no salão do castelo real. As fadas rainhas decidiam tudo que iria acontecer com o reino em breve.
— Criaturas da Terra e do Fogo irão morar na Floresta Negra. Construiremos uma arena de gelo nas águas mais geladas que ficam após a floresta, para os seres que lá habitam. — Disse firme.

— O quê? — Perguntou a fada rainha do fogo. Estava indignada com aquela atitude.

— A minha intuição é fazer um habitat para cada espécie. Não precisamos juntar todos em um só lugar. Vocês viram o que aconteceu quando juntamos e o que está acontecendo agora, está um verdadeiro caos.

— Ela está certa — Disse a rainha da água, estava gostando de ter um reino só para si e suas criaturas. Seria muito mais fácil para ela.

— Muito me espanta você gostar, Elsie, afinal, é a menos egoísta, prepotente, orgulhosa e egocêntrica daqui, não é? — Disse com ironia a fada do fogo, para a fada da água.

— Eu não me importo. Na próxima coroação eu já vou sair mesmo, decidam vocês — Disse a fada rainha do fogo, irritada com a decisão e percebendo que a mesma iria ignorá-la.

— Eu não sei como nós vamos explicar isso para todos eles sem que pareça que eles estão sendo banidos daqui – Disse a fada rainha do ar, a mais inteligente dali.

— Eu não me importo com isso. Apenas mantenham suas criaturas longe daqui. Aqui ficarão apenas as fadas, elfos e duendes.

— Supondo que as criaturas da água vão morar no gelo, as do fogo e da terra num local tenebroso... Eu provavelmente vou pro céu? É isso? – A fada rainha do ar questionou.

— Exatamente — Afirmou.

— Não é uma má idéia afinal de contas. Fica mais fácil de ter o controle de todas as situações que acontecem. Podemos criar nossas próprias regras sem ninguém intervir e fazendo o que seja melhor para cada Elemental que nós cuidamos — Disse a fada rainha do ar, parando para analisar melhor a situação.

— Você está certa — A rainha do fogo se convenceu após as palavras da rainha do ar. Ela tinha esse dom. Qualquer coisa que a fada do ar dissesse, as demais seguiriam.

— Então, vamos contar as novidades? — Disse com um sorriso no rosto.

— E foi assim que tudo foi separado — Terminou de explicar.

— Só não entendo o porquê da Queen Faye Fairy não ter nos contado a história completa. Mas no fim das contas, não foi uma má decisão. Se já é difícil viver entre fadas e elfos, imagina com banshees e salamandras andando por aí — Disse Alpha, convencida da história.

— Para você pode ter sido, para nós não. Sentimos-nos excluídas da população. Tem sido... Solitário — Disse com um tom triste — Mas não importa. Chegamos.

— Como assim chegamos? — Dioniso perguntou — Ainda há trevas por toda a parte.

— Está escuro, vocês não vão conseguir ver melhor. Eu tenho uma visão para o dia, então consigo enxergar e de forma mais aguçada. Está bem a nossa frente, mas eu não posso passar, vocês sabem, existe o limite que uma criatura pode atravessar ou não.

— Eu também não posso continuar, Alpha, você sabe, eu provavelmente morreria congelado ali — Disse com um sorriso pequeno em seu rosto.

— Tudo bem, Dioniso. Darrah. Obrigada por me acompanharem durante todo esse tempo. Eu vou fazer o tempo de vocês ter valido a pena – Prometeu. Alpha abraçou os dois individualmente.

— Fica bem, ok? — Disse Dioniso, acariciando o rosto da menina. Ela estava prestes a desabar em lágrimas, mas conteve-se.

— Eu odeio despedidas — Disse, com um pequeno sorriso também.

— Boa sorte — Darrah desejou.

— Obrigada — Agradeceu.

Alpha então seguiu o caminho sozinha. A cada passo que dava, as rajadas de frio aumentavam. Para ela foram desconfortantes no começo, mas como era uma fada rainha da água, acostumou-se rapidamente com a baixa temperatura. Ao pisar em um chão mais raso, não teve dúvidas, havia chegado. Passou então por uma última árvore que cobria sua vista e pode então ver. Era lindo o local. Não era apenas uma arena de gelo, era como um verdadeiro império de cristal. Sentiu um floco de neve cair em seu nariz e abriu um sorriso que surpreendeu a ela mesma. Estava feliz por estar em contato com tudo aquilo, mesmo nos primeiros momentos. Sentia-se em casa. 

Capitulo 06 : Sacrifício

– Finalmente acordou! – Disse Anala, visivelmente com raiva. Não tinha ido com a cara daquela fada e aquela primeira impressão não mudaria tão rápido.

– Desculpe fazê-la esperar... Mas sabe como é, meu sono é de pedra – Respondeu irônica, pois esperava uma reação mais animada da dupla, ou até mesmo uma reação digna de súditos para uma rainha, o que certamente não aconteceu – Agora respondam minha pergunta.

– Não estamos indo a lugar nenhum – Disse Anala, firme.

– Sim, estamos – Dioniso respondeu – Vamos sair dessa floresta, deserto ou o que for essa coisa maluca que seja essa parte do reino!

– Vocês podem ir embora, mas vão sem nenhuma resposta para as perguntas que eu sei que vocês têm – Disse provocativa. Não deixaria eles irem embora, pois também tinha perguntas, mas queria que eles pensassem que tivessem a opção.

– Ótimo, vamos – Disse o elfo, sendo parado por Anala posteriormente.

— Já disse e repito, não vamos a lugar nenhum. Eu tenho muitas perguntas — E caminhou até a mesma.

A Fada Rainha os guiou até uma sala em especial, mais luxuosa do que o local em que eles estavam. O local, ainda como o anterior, era constituído por pedras com camadas de lavas, porém, nesta área havia traços mais dourados dando a impressão de riqueza. A fada pegou Alpha em seus braços e a colocou em um sofá. Pegou alguns lenços e a cobriu.

— Flânis, traz um chá de ervas — Ordenou à garota salamandra, que assentiu, se retirando. A fada sentou em um trono, esperando que as perguntas começassem.

— Acabou a apresentação? — Dioniso perguntou, era ele quem estava com raiva agora. Não possuía confiança nenhuma naquela fada.

— Sua amiga vai ficar bem. Flânis vai me trazer um chá especial que vai reativar as forças dela. Eu sou Terrena, fada responsável pelo elemento terra, como vocês podem perceber — Iniciou a discussão, ao perceber que eles não fariam o mesmo.

— Anala. Eu e a Alpha fomos coroadas as rainhas da água desta geração — Disse, apresentando-se também — E esse é o Dioniso.

— Como assim, rainhas da água? Duas? — Jamais tinha ouvido falar em algo igual. Estava apenas mais curiosa em relação à dupla que chegou em seu reino.

— Não sabemos o que aconteceu, mas aconteceu. Elsie foi envenenada, acreditam que foram as sereias... E as geleiras estão derretendo, então precisamos manter o equilíbrio ambiental antes que isso aconteça ou pode ser o fim de algumas criaturas — Explicou.

Terrena se levantou ainda desconfiada. Foi até Anala e a encarou face a face. Anala sentiu seu coração acelerar, mas não tinha nada que ela pudesse fazer, estava em uma área que ela não tinha controle e tudo que ela podia fazer era esperar a boa vontade alheia. Terrena, por sua vez, viu a verdade nos olhos de Anala e voltou a seu posto.

— Bem, Ana... Anala. Nós já sabemos disso, também sofremos com o ataque das sereias já tem dois dias.
— O que aconteceu? – Aproximou-se, preocupada.

Era uma noite como qualquer outra. As fadas Terrena e Aryana, esta última, a fada rainha do Fogo, estavam em uma grande mesa de jantar. Cada uma em uma ponta e em cada lado, seres de seus elementos, incluindo Trish, Flânis e Focus. Aryana levantou sua taça e com um sorriso flamejante ergueu sua voz.

— Desejo-lhes uma boa noite, criaturas do fogo e da terra, que... — Foi interrompida por gritos. Não gritos de uma fada banshee, mas de uma fada comum que provavelmente havia perdido sua vida. O grito da fada ceifeira foi ouvido em seguida. A felicidade que estava na mesa virou pânico imediatamente.

Uma mulher entrou imediatamente. Estava seminua. Tinha cabelos verdes, claros e longos que iam até a parte de seus seios, cobrindo nas pontas. Já mais abaixo não havia nada, ela estava completamente nua.
— Flânis — Disse Terrena imediatamente. Flânis preparou-se para atacar a mulher.

— Os truques de uma salamandra não funcionam em mim, vocês já deveriam saber — Ela caminhou pela sala do jantar. Passou pelo primeiro Elemental, era um homem com pelos em todo seu corpo e um par de asas marrom. Também tinha garras em seus dedos. Quando viu as belas curvas da moça se afastar alguns centímetros, não pensou duas vezes. Cravou suas unhas nas costas da mulher. Ela virou-se imediatamente e o encarou. Não demonstrou nenhuma reação em relação ao que sofrera anteriormente, era como se ele tivesse lhe feito carícias e não lhe atacado.

— Eu não me lembro de ter pedido cosquinhas. Porque foi o que eu senti — O agarrou pela garganta e o levantou sem nenhum esforço. Tinha a força dentro de si e isso deixava todos impressionados, jamais ouviram algo a respeito sobre a força de sereias. Com apenas um movimento, virou o pescoço do rapaz e o soltou, deixando-o cair morto no chão. Todos ficaram assustados, principalmente as fadas rainhas.

— Mais alguém? — Perguntou, olhando a todos. Obteve o silêncio como resposta. Aryana e Terrena não sabiam o que fazer, elas estavam em desvantagem na própria terra — Ótimo — Disse, continuando seu trajeto pelos seres elementais.

— O que você quer? — Perguntou Aryana.

— Eu quero um trato. Com vocês. Em breve esse reino será nosso, das sereias. E tudo que vocês construíram vai ir água abaixo. Então eu quero saber de que lado vocês estão.

— Então você vem aqui para fazer uma simples pergunta idiota como essa? — Disse Terrena, levantando-se de sua cadeira. Estava furiosa com a audácia da sereia. Não havia apenas invadido seu reino, mas como havia matado uma criatura da Terra, na qual ela era responsável.

— Você deveria me agradecer por eu estar lhe oferecendo uma oportunidade — Disse, reclamando, indignada que a mesma recusou sua proposta.

— Bem, se alguém nessa mesa quer trocar de lado, que se manifeste agora — Disse a fada rainha da Terra. Como ela imaginava ninguém se manifestou o que causou raiva na sereia intrusa.

A sereia sorriu — Imaginando que isso aconteceria... Eu trouxe auxílio comigo. Podem entrar — Três rapazes bastante fortes, também despidos, entraram no local — Se vocês não querem se juntar conosco, então irão sofrer em nossas mãos. É com vocês, meninos — E deu as costas, saindo do local.

— Então ela matou todos os outros? E por que vocês ficaram vivos? — Anala indagou.

— Acreditamos que ela esteja com Aryana e queira usá-la para nos levar a seu lado, ela sabe que nem todas as sereias são fortes o suficiente para lidar conosco e precisa de fadas vira-casaca ao seu lado. Os outros nós apenas vimos virar cinza em nossa frente.

— Então por isso aquele cheiro de fumaça no outro quartinho? — Perguntou.

— Não é um quartinho. É um santuário. Todos os elementos possuem um. Queimamos todos os que morreram no massacre lá. Não havia mais o que fazer.

— Por que fizeram isso lá? — O elfo agora, estava curioso também.

— Para manter a energia do local — Observou Flânis voltar com o chá e se dirigiu até a mesma — Obrigada! — Flânis sorriu. Terrena foi até Alpha que estava ainda deitada. Ergueu sua cabeça de leve, para que pudesse beber o liquido e lhe deu em poucas doses.

— Por que você está tratando dela tão bem? — O elfo perguntou. Terrena, por sua vez, sorriu. Estava gostando de ver a indignação do rapaz.

— Porque infelizmente temos um rapaz afobado nesse reino. Focus é um bom defensor, mas às vezes passa dos limites. Desculpem-me por ele, mas depois do que aconteceu, é justificável uma atitude assim com desconhecidos – Explicou. Terminou de dar o chá para Alpha. Guardou a taça e levantou-se.

— Em quanto tempo ela melhora? — Anala perguntou, ignorando o pedido de desculpas.

— No máximo até amanhã — Respondeu a fada rainha.

— Como assim até amanhã? Não tem nada mais instantâneo? Até amanhã muita coisa pode acontecer! – Disse Anala indignada.

— É um chá natural, não os tecidos de Jesus — Respondeu ironicamente. Anala não estava convencida de que ela estava dizendo toda a verdade.

— Ok, tem algo que pode ser feito sim. Mas requer um nível grande de energia, eu não sei se você tem o suficiente para ajudá-la e continuar bem. — Disse a fada.

— Não importa, se alguém vai conseguir finalizar essa jornada, não vai ser eu — Disse Anala, disposta a sacrificar-se.

— Anala — Dioniso reagiu surpreso. Não estava acreditando no que estava prestes a acontecer.

— Eu a abandonei... Eu devo isso a ela — Disse, encorajando-se — Então, como fazemos?

— Você tem certeza? — Dioniso perguntou novamente. Pelo pouco que sabia, Anala e Alpha antes da viagem eram rivais e não amigas a ponto de uma dar a vida pela outra.

— Eu farei o que for melhor para o nosso reino. É o que as rainhas fazem — Disse Anala, segura, botando um ponto final na conversa. Não mudaria de opinião.

— Elfo, vá até a caverna e busque Trish, vou precisar da ajuda dela. Flânis chame o seu irmão também — A dupla assentiu e seguiu em direções opostas — Venha comigo, garota, irei te levar para um lugar especial — Disse, pegando Alpha em seu colo novamente e guiando Anala para outra direção.

Apertou o botão que estava afastado das grades e pode vê-las subirem lentamente. Por trás dele, a garota desmaiada devido a uma pancada que levou recentemente. Se abaixou na altura da mesma para verificar se ela estava bem.

— Trish, acorda! Acorda! — Disse dando tapinhas de leve em seu rosto. Tentava acordá-la de todas as maneiras, mas não tinha sucesso. Sentiu o corpo dela se esfriar a cada momento que passava e percebeu que não tinha opção.

— Me desculpe por isso — Despiu a garota. Colocou suas mãos em seu corpo e fechou os olhos. Pelas suas mãos, rajadas de calor saíam, se espalhando por todo o corpo de Trish, que se tornou um percurso de brasas rapidamente. Era como se as veias em seu corpo se tornassem fogo por alguns instantes, como um farol de linhas, suficiente para iluminar todo aquele local escuro. Ele pode ver a parte posterior da caverna com mais clareza. Observou alguns rabiscos, provavelmente feitos por alguns prisioneiros anteriores. Percebeu que estava desconcentrado e voltou a meditar. Focus estava tentando restaurar a temperatura da garota.

— O que aconteceu? — Disse após dar um suspiro longo e sufocante. Trish havia levantado e ainda não notara a situação em que estava.

— Os invasores fugiram, não sei como te golpearam — Respondeu, dessa vez mais compreensível do que aparentava ser.

— Por que eu estou pelada? — Disse olhando para si mesma, quando finalmente caiu em si, percebeu o que tinha acontecido — Seu tarado! Se aproveitando da situação para abusar de mim – Levantou-se rapidamente e colocou suas vestes. Sabia que ele tinha ajudado-a a melhorar, mas não abaixaria a guarda.

— Desculpe, eu... — Não teve tempo de continuar, pois logo ouviu a voz de Dioniso que chegara procurando por Trish.

— Terrena está chamando você, se você for a tal Trish — Eles não questionaram, apenas seguiram em frente.

— De onde eu conheço você? — Trish perguntou, sentindo uma vibe familiar vindo do rapaz.

— Lugar nenhum — Respondeu temendo que ela soubesse o que aconteceu.

Com a garota desmaiada em seu colo, utilizou dos pés para chutar um par de portões. Guiou Anala que continuava seguindo-a em silêncio. Observou uma sala incomum ao entrar, parecia um laboratório de cientistas avançados. Havia dois tanques feitos de vidros, conectados um a o outro e ligados a várias cápsulas, parecidas com as de coroação que ela esteve há poucos dias, porém, vazios.

— O que é isso? — Indagou. Estava curiosa e fascinada pelo lugar.

— É um terço da nossa fonte de poder. Mais conhecido como 8-13-17-22 — Se dirigiu a um dos tanques e ali mergulhou Alpha. Para Anala, as coisas começavam a fazer sentido — Com ele mantemos o equilíbrio do reino. Podemos usá-lo para restaurar a força vital da sua amiga, mas como toda a energia, ela precisa ser reposta... E é aí que você entra.

Anala caminhou pelas cápsulas imaginando o que aconteceria ali — São canalizadores de energia. Elas dão a energia do Elemental necessária, se receber de volta — Disse Terrena. Focus, Trish, Dioniso e Flânis, que encontrara com eles no caminho chegaram. Terrena os viu entrar.

— Focus, eu vou precisar de um pouco da sua energia para ajudar a garota — Pediu Terrena poupando apresentações.

— Tudo bem – Concordou sem relutar.

— Eu não acho que seja possível. Eu estava desmaiada, ele acabou de me acordar. Vai gastar muito mais dele! — Trish disse repentinamente — Flânis está ótima, use-a — Estava visivelmente indignada com o pedido.

— Focus, se você não estiver pronto, tudo bem, mas você sabe que sua irmã não tem controle — O rapaz assentiu. Sabia que seria mais perigoso para a irmã do que para ele. Focus podia brincar com a mente de centenas de seres ao mesmo tempo, mas sua irmã era mais fraca, só tinha técnica de truques pequenos como uma algema de fogo.

— Eu vou — Disse botando um ponto final no assunto — Eu peguei muita energia do medo dela, tenho de sobra – Finalizou.

— Ok, entre em uma das cápsulas. Anala, você vai entrar no segundo tanque.

— Tudo bem — Ela subiu por uma escada de três degraus e entrou no tanque. Estava preparada para mergulhar de cabeça. Olhou para o lado e viu Focus entrar em uma das cápsulas que estavam ligadas ao tanque. A porta de vidro se fechou para o rapaz. A situação era desconfortante para todos ali presentes. Flânis queria se voluntariar. Focus não tinha escolha. Trish não gostava da forma que Terrena havia empurrado-o para a tarefa. Dioniso sequer gostava de Terrena e Anala, por sua vez, estava assustada.

— Por que você não entra ali dentro também? — Dioniso indagou, sempre provocando a fada rainha da terra. Não ia com a cara dela de maneira alguma.

— Meu elemento é a terra. Só iria piorar a situação — Terrena sempre respondia as provocações do jovem elfo com um tom desafiador, sabia que ele estava tentando desmoralizá-la. Tinha uma resposta para tudo que ele perguntasse.

— Vamos torcer para isso dar certo — Disse Anala, que mergulhou no tanque de uma vez.

— Está na hora — Disse Terrena. Ela foi até uma alavanca que estava para cima. Ela a puxou para baixo. Imediatamente os tubos que ligavam as cápsulas de vidro encheram-se de cor rosa. Era a energia que saía de Focus para o tanque com as duas. A água, rapidamente tornou-se da mesma cor.

— É suficiente, não? — Perguntou Trish, inquieta e claramente preocupada com Focus.

— Ele sabe o que está fazendo — Terrena respondeu. Ela via o rapaz dentro da cápsula, controlando a quantidade exata de energia que deveria sair de seu corpo. A cápsula não canalizava toda sua energia a menos que ele permitisse.

Dioniso também pode ver a energia de Anala se espalhando pelos outros tubos — Para onde vai toda essa energia? — Questionou, agora não tão desafiador quanto antes.

— A energia de Focus passa para Alpha. Anala divide sua energia entre Alpha e os tubos, que espalham a energia de volta a natureza. É necessário porque os tanques em si já possuem uma energia a ser mantida, e quando usamos para rituais como esse, acabamos gastando demais e não há muito tempo para recebermos ele de volta — Explicou. Percebeu que era tempo suficiente para finalizar o ritual. Foi até a alavanca e a levantou novamente. A porta da cápsula de Focus se abriu. Trish e Flânis foram até o mesmo, ajudando-o a sair.

— Você está bem? — Perguntou a fada morena.

— Você está preocupada comigo? — Perguntou, com um sorriso sarcástico em seu rosto.

— Foda-se — Soltou o rapaz, deixando-o apenas com Flânis. Ele riu e ela saiu invocada.
Abriu os olhos e tudo que pode ver foi um claro e demasiado branco. Era iluminação do local em cima de sua cabeça. Olhou para o lado e pode ver que estava presa em um tanque cheio de água. Se seu cérebro não lhe lembrasse que ela era a rainha da água, certamente teria entrado em pânico nesta hora. Levantou-se rapidamente dando um suspiro longo.

— O que eu perdi? — Alpha perguntou, estranhando toda a situação. Ficou em pé e saiu do tanque, sendo recebida com uma toalha que Terrena colocou em seus ombros logo em seguida.

— É uma longa história — Dioniso respondeu. Ele cruzou seus braços, esperando que Anala acordasse. Mas não obteve o que queria. Ela continuou ali, parada, inconsciente.

— Não era pra ela ter acordado? — Perguntou o elfo. Terrena não respondeu, sabia que ele estava certo. Após Alpha, era a vez de Anala acordar e isso não estava acontecendo. A fada rainha da terra recebeu um empurrão em seguida. Ele estava visivelmente alterado. Foi segurado por Alpha, que ainda estava confusa com toda a situação.

— Por que ela não acorda? — Perguntou, sendo puxado para trás pela fada de cabelos brancos. Estava com um tom choroso em sua voz.

— Eu acho que é por isso que chamamos de sacrifício — Disse a fada rainha da terra em um tom baixo. Estava tão triste quanto os demais ali. Não pode fazer nada a não ser observar a dupla de heróis cair em lágrimas.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Capitulo 05 : Ilusões

Abriu os olhos e pôde apenas observar a escuridão acima de sua cabeça. Estava tonta, como se estivesse passado uma noite inteira embriagada ou pior, mas não conseguia raciocinar o que vira direito.

Levanta, Bela Adormecida! — Dizia uma voz que ela já conhecia. Anala cutucava seu ombro com bastante força que chegara até a doer.

Pare, está me machucando — Respondeu, tentando levantar-se, mas estava visivelmente cansada. Fraca, pra ser mais específico.

Onde estamos? O que aconteceu? — Perguntou ao levantar-se. Enxugou os olhos e pode ver algumas barras de ferro à sua frente. Ao redor, o que parecia ser uma caverna, totalmente escura. Estava presa.
Capturaram-nos. Prometeram nos soltar, mas até agora nada! – Respondeu Anala, encostando-se na parede de rochas. Cruzou os braços e continuou a falar, indignada com a situação que estava — Se aquele foguinho acha que as coisas vão continuar desse jeito, está muito enganado! Eu vou apagar aquela tocha na primeira oportunidade que tiver! – Resmungava. A voz de sua companheira estava cada vez se tornando mais baixa, o que era estranho. Não conseguia raciocinar direito e apenas viu tudo escurecer novamente. Desmaiou.

Horas antes...

São flâmines! — Disse olhando assustada para Anala. Estava incrédula, como se não bastasse ter visto uma fada ceifeira, agora via um dos seres mais temidos pelas fadas – Não acredito que você precisou apelar para tanto! — Disse observando o rapaz com um sorriso no rosto.

Esses a gente pode afirmar que possuem um fogo no rabo! — Disse Anala. Sarcástica como sempre. Sabia do perigo que corria, mas não podia perder a oportunidade.

Não é hora para piadas — Respondeu Alpha com os olhos trocando de direções.

Sua amiga está certa — Disse o rapaz, cercado por seu exército de flâmines — Como eu prefiro uma briga justa, eu posso dar a vocês uma vantagem de... — Parou para pensar por alguns segundos — Um ou dois minutos antes de soltar todos eles em cima de vocês — Finalizou com seu sorriso charmoso acompanhado de um par de brilhos em seus olhos.

Não é uma má idéia até! — Disse Anala em tom baixo, estava visivelmente em pânico com os seres que estavam em sua frente.

Não — Alpha se impôs — Não estamos aqui para brigar, seja-lá-qual-for-o-seu-nome. Isso aqui é sério, nós precisamos falar com as rainhas. É importante.

1 minuto e 38 segundos restando — Disse ele ignorando a atitude de Alpha.

Nós precisamos ir! — Anala agora estava praticamente puxando Alpha, que se mantia firme como uma pedra no local.

Eu vim aqui para falar com as fadas rainhas e é isso que vou fazer. Se você quiser ir, então vá — Disse para a fada de tons azuis. Observou o rapaz olhar para o céu como se estivesse contando o tempo e então deu mais alguns passos a frente, encarando-o — Pode vir todo o seu exército de fogo, eu sou a água. Eu não temo você – Respondeu firme. Quando olhou para trás, Anala já estava longe, correndo para lugares que ela mesma desconhecia.

Eu achava você mais inteligente que a azulzinha... Erro meu — Disse com seu sorriso sarcástico no rosto — Ataquem! — E sentou-se para observar a luta que iria iniciar.

Campo de proteção! — Alpha disse em voz alta. Colocou suas mãos na terra quente e em sua volta apareceu um grande campo de força de água que fluía lentamente. Os animais que estavam em posição de ataque esconderam seus rostos medonhos com suas asas peludas e, em seguida, deram passos para trás, assustados com a água. Liberaram suas asas e então se puseram em posição de vôo. Alpha observou-os saírem do chão e sobrevoarem sobre sua cabeça, mais precisamente, sobre a água que a protegia. Viu e pode sentir também, as rajadas de fogo que saíam de suas terríveis bocas. Sabiam que assim, enfraqueceriam a fada e estava funcionando.

Droga, Anala, onde você se meteu? — Pensou desesperada, sabia que se Anala estivesse ao seu lado poderiam formar um campo mais poderoso, que embora, só aumentaria o tempo delas ali e as enfraqueceria do mesmo jeito.

Olhou para trás e viu uma luta começar. Estava nervosa e queria fazer o caminho de volta, mas sabia que suas chances seriam mínimas. Encontrou uma escadaria e viu que aquela era sua única opção antes dos flâmines conseguirem localizá-la. Subiu os degraus da escada lentamente. Não queria fazer muito barulho, pois poderia despertar outra criatura de fogo e isso certamente não melhoraria a situação.

Droga! — Disse ao tropeçar em um dos degraus. Anala estava tão nervosa que nem percebeu que gritou alto suficiente para alguém próximo escutar. Parou por alguns segundos para sentir o local e percebeu que tudo continuava do mesmo jeito. Respirou aliviada e seguiu o caminho.

Encontrou uma porta e como não teve opção entrou. Imediatamente tampou o nariz, o cheiro daquele lugar era terrível comparado aos belos campos em que ela frequentava. Era um cheiro mais pesado, como se tivesse ocorrido um incêndio no passado e toda sua fumaça estivesse sendo mantida naquele lugar. Sem contar a sensação de asfixiação que sentia. Parou para observar o local com atenção e viu que era algo parecido com um santuário. Observou vários flâmines em formas pequenas, de esculturas, ao lado do que pareciam ser dois tronos. Certamente estava em um lugar que não deveria estar. Não teve muito tempo para analisar o local, pois logo ouviu passos que seguiram de vozes.

— Faz isso, faz aquilo! Ah me poupe! Até parece que sou empregada de alguém! — Entrou uma voz reclamando em voz alta. Anala não pode ver quem era, pois estava tentando esconder-se, mas notou que era uma voz feminina. Quando finalmente encontrou um lugar para ficar, porém, bem estreito, mas suficiente para ela observar uma menina de cabelos loiros e cacheados, que colocava umas taças de prata em uma bandeja.

— Você disse algo? — Outra voz surgiu atrás dela, Anala pode ver agora outra menina de cabelos escuros se aproximar da outra. Incomodada com o local, Anala resolveu mudar-se. Observou um espaço pouco maior por perto e certificou-se que as duas outras meninas estavam discutindo por tempo suficiente para ela se mudar. Andou abaixada, quase se rastejando, para embaixo de uma mesa, mas acabou esbarrando em algo por causa do seu nervosismo.

— Ouviu isso? — Perguntou a garota dos cabelos escuros. Ela deu alguns passos a frente enquanto Anala se xingava por pensamento.

— O que foi? Ela acordou? Foi isso? — Perguntou a garota de cabelos cacheados, totalmente distraída com a situação.

— Não — Deu alguns passos a frente, indo em direção a mesa em que Anala estava. A garota de cabelos azuis estava bastante nervosa, seu coração batia forte – Eu acho que temos companhia — Disse a mesma empurrando a mesa e revelando Anala.

— Acha mesmo que vai aguentar muito tempo aí? — Perguntava enquanto lixava suas unhas. Estava rindo de toda a situação, embora fosse entediante ver apenas seus bichinhos voarem um campo de água, mas valia a pena pelo pânico que Alpha sentia.

— Tempo suficiente — Disse blefando. A água fluía cada vez menos e Alpha já não agüentava mais, sabia que a qualquer momento o campo de proteção cairia e ela seria atacada por vários seres que cuspiriam brasas de fogo em seu rosto. Só lhe restava rezar para que a situação melhorasse.

O rapaz levantou-se de sua cadeira e parou em frente ao campo de proteção, que começou a se desfazer lentamente. Observava Alpha sofrer e se alimentava daquilo, poderia ficar ali o dia todo vendo a situação se repetir que só lhe dava mais poder.

— Vamos parando o show! — Disse uma voz que surgiu por trás do loiro. Ele se virou e observou Anala sendo arrastada pelas duas garotas que estavam no santuário.

— A algema de fogo é realmente necessária? — Anala perguntou com raiva, suas mãos não estavam queimando literalmente, mas algo naquelas algemas dava essa sensação.

— Focus sempre desesperado! Pare de se aproveitar da garota — Disse a morena, com raiva da cena que via.

— Qual é, Trish, está divertido! — Disse rindo. Trish, incomodada com a situação, colocou suas mãos ao chão e tudo começou a balançar como se estivesse acontecendo um terremoto naquele momento.
— Está divertido pra você agora? — Perguntou ela. Certamente estava flertando com ele e vice-versa. Para Anala, uma cena totalmente idiota.

— O que está acontecendo? — Anala perguntou, cortando todo o clima. Mas não precisou de uma resposta em palavras, pois logo viu os flâmines sumirem junto do campo de proteção feito por Alpha. A fada desmaiou em seguida.

— O que vocês fizeram? — Perguntou Anala, preocupada.

— Focus fez você e sua amiga de palhaças. Flâmines nem existem, são apenas mitos — Disse como se fosse a coisa mais simples do mundo, deixando a cabeça de Anala mais perturbada ainda — Focus é uma salamandra, um ser de fogo que emite calor de forma tão demasiada que consegue causar ilusão em suas vítimas, fazendo-as verem tudo que ele quiser ver.

— Oops — Disse o rapaz rindo. Apenas levou um esbarro que Trish lhe deu. A menina foi até Alpha e a examinou — Ela está bem, só está fraca. Não deveria ter gastado toda sua força com ele – Disse.

— Ok, tudo terminou em bolo, podem me soltar agora? — Pediu Anala com ignorância, ainda tentando digerir toda a situação.

— Flânis. Irmã do Focus. Outra salamandra. Não tem algema, garota! — Disse. A garota loira de cabelos cacheados sorriu, deixando Anala completamente brava.

— Bem, cachinhos dourados, eu tenho algo bem real para você – Disse se preparando para atacá-la.

— Podemos iniciar uma briga ou ver como ajudamos sua amiga, mas posso garantir que você não vai se dar muito bem contra uma ilusionista, experiência própria — Disse a morena, carregando Alpha em seus braços.
— Ok. Vamos fazer da sua forma — Cedeu.

Ouviu alguns chiados por trás de sua cabeça, mas estava preocupada demais com Alpha para dar atenção. Quando eles se intensificaram, pode finalmente perceber quem havia chegado para sua surpresa. Dirigiu-se até as barras da caverna e viu a luz no fim de seu túnel, em meio a tanta escuridão.

— Não imaginaria que um dia iria dizer isto. Mas estou feliz por te ver! — Disse observando o rosto do elfo do lado de fora das barras.

— Não achou que iria se livrar tão rápido de mim, achou? — Ele disse com um sorriso sarcástico no rosto.

— O que você está fazendo aqui? Achei que tinha ido embora, voltado pra casa! – Indagou.

— Depois eu explico, agora temos que bolar um plano para tirar vocês daí – Disse preocupado.

— Viemos falar com as rainhas, mas tem um menino tão chato quanto você nos mantendo prisioneiras aqui... — Parou por alguns segundos e pensou consigo – Você é ao menos real?

— O quê? — Dioniso não entendeu nada.

— Estou cansada das suas brincadeiras, Focus, tenho coisa melhor pra fazer nessa caverna... Medonha, escura e apertada! — E virou-se de costas para cuidar de Alpha novamente. Dioniso continuou confuso, ouviu alguns barulhos e resolveu esconder-se.

— Voltei! — Disse Trish, trazendo consigo uma cesta de alimentos para as garotas. Ela apertou um botão e as grades se abriram. Ela entrou na caverna e colocou no chão.

— Ela está melhor? — Disse se aproximando, estava visivelmente preocupada com Alpha, embora não pudesse fazer muito para tirá-la daquela situação precária.

— Ela acordou e desmaiou novamente, está muito fraca. Ela tem usado sua magia durante toda a nossa viagem... E a briga com o Focus não ajudou muito — Respondeu.

— Bem, já já é hora da rainha acordar, então ela vai finalmente poder ajudá-la e... — Foi surpreendida repentinamente por uma pancada na cabeça. Era Dioniso com um porrete de madeira que apareceu por trás apunhalando-a.

— O que você fez? – Perguntou surpresa — Oh... Você é real — Estava mais surpresa ainda.
— Vamos, temos que dar o fora daqui — Disse puxando-a pelo braço.

— Não, essa garota está nos ajudando — Respondeu com raiva – Estava até você desmaiá-la.

— Mantendo vocês presas? — Indagou, já quase perdendo a paciência. Anala assentiu e o elfo pegou Alpha no colo. Eles saíram da caverna e apertaram o botão, aprisionando Trish lá dentro.

— Quem era ela afinal de contas? — Perguntou o elfo, sussurrando.

— Uma fada da terra. Ela é ajudante da Fada Rainha. Ela e mais uma dupla de salamandras vigiam o reino na parte do dia.

— Ah... Agora entendi o que você quis dizer com eu ser real ou não — Disse ele.

— Enfim, qual a sua grande ideia para sairmos daqui? — Questionou.

— Tem uma passagem por ali — Disse apontando a direção — Podemos ir e depois encontrar outro caminho para a saída.

— Aonde vocês pensam que vão? — Disse uma voz grave atrás deles. Os dois se viraram e viram uma mulher de cabelos escuros que estava penteado como rabo de cavalo. Suas roupas eram negras com detalhes espessos, dando a sensação de peso. Era como se fosse uma roupa feita de rochas, que visivelmente seria difícil de ser carregada. Não para aquela mulher. Anala estava certa de que aquela era a Fada Rainha da Terra e agora que a vira, não sairia dali sem respostas.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Survivor Acapulco : 1x2 "Tirar Isca de Peixe"

[N] No episódio anterior... Os participantes foram divididos em duas tribos, uma chamada Guerrero, e outra chamada Juárez. Enquanto na tribo da cor azul os participantes tinham problemas em se relacionar, na tribo da cor vermelha, Ana Lucia e Katniss iniciavam uma disputa de quem fazia mais pelo acampamento, melhorando a vida dos que ali estavam. Mas não era apenas ali que havia uma disputa de egos. Alcide e Madison não se batiam, e as duas Reginas muito menos! Na prova, Regina George mostrou ser a mais lenta e prejudicou seu grupo, dando imunidade ao grupo rival. No acampamento, o voto em Regina George era certo, mas Madison era esperta demais para deixar isso acontecer e simplesmente começou a manipular os rapazes com seu corpo. Vendo isso, Charlie bolou um plano para botar Regina e Madison uma contra a hora. E no conselho tribal o plano de Charlie deu certo. Regina George votou em Madison e a Mean Girl foi a primeira eliminada do programa. 15 restam, quem será eliminado hoje?

Os participantes da tribo Guerrero faziam o caminho de retorno ao acampamento, após a saída do conselho tribal. Eles passeavam pela mata, levando suas tochas, alguns contentes com o resultado, outros bem frustrados.

[C] Madison Montgomery: Algo aconteceu no Conselho Tribal. Regina George foi tão estúpida. Por quê ela escreveria meu nome?

— Foi engraçado o jeito que ela saiu... Ainda te xingou, Charlie — Daniel disse rindo, enquanto caminhava aos demais. Charlie retribuiu o sorriso sem falar nada.

[C] Daniel Grayson: Charlie com certeza fez Regina votar em Madison e isso me fez pensar "o jogo começou!". Então resolvi colocá-la como alvo perante toda a tribo, ela absolutamente é mais perigosa do que parece.

[C] Charlie Matheson: O meu plano deu certo no Conselho Tribal. Mas sério, Daniel? Precisa mesmo expor para todos o que todo mundo já sabe? Acorda!

— Pelo menos não terei mais que me preocupar em ser a única Regina da ilha — Disse Regina Mills, estava mais contente do que ninguém ali, pois obviamente não via mais ninguém como ameaça a seu trono.

[C] Madison Montgomery: Mesmo eu não entendendo o que tenha acontecido no acampamento, irei tirar o meu sono da beleza por agora. E quando eu acordar, essas vadias terão outra surpresa.

Pela manhã, Ana Lucia, da tribo Juárez, andava por uma trilha. Ela ia em direção a um poço que estava bem próximo ali. Ouviu passos atrás e quando se virou viu um belo rapaz de cabelos cacheados. Era Chris Rodriguez.

— Bom dia! — O rapaz falou para ela.

— Bom dia — Retribuiu sem a mesma alegria do rapaz.

— O que foi? — Notou que ela não estava tão contente quanto parecia.

— Katniss está me desafiando. Eu não suporto mais aquela garota. Até peixe ela pegou só para tentar ofuscar meus cocos! — Passou a mão na testa tirando o suor do corpo, parou e cruzou os braços — Eu estou cansada dela.

— Não temos que nos preocupar com ela — O rapaz disse.

[C] Chris Rodriguez: Eu estou tentando fazer uma parceria com Ana Lucia. Percebi que ela não é tão inteligente, ela age mais por egos do que pela cabeça e com ela por perto eu não seria um alvo no jogo.

— Eu vou pegar água, vem comigo? — Perguntou ela, voltando a caminhar em direção ao poço.

— Vou sim — Ele respondeu — Então, me diga, de onde você é?

— Veracruz — Respondeu, meio confusa com o que aquela conversa iria tomar.

— Se te serve de consolo, eu tinha uma tia que morava por ali — Ele respondeu com um sorriso no rosto, a mesma retribuiu.

[C] Ana Lucia Cortez: Eu não sei o que aquele rapaz está tentando fazer, mas ele está me deixando feliz. Acho que um homem ao meu lado nesse jogo não me fará problema algum.

— Entonces usted también es Latino? — Ela perguntou (em tradução livre "Então você é latino também?)".

— ¿Quieres ver mi certificado de nacimiento? — Ele respondeu (em tradução "Quer ver minha certidão de nascimento?"), bem simpático, estava gostando da situação.

[C] Ana Lucia Cortez: Se é impressão minha eu não sei, mas Chris está arrastando uma asinha pra mim! Chupa essa, Katniss!

— Isso é legal — Ela disse — Vamos, temos água pra pegar — E continuou indo ao lado do rapaz.

Já na outra tribo, todos estavam dormindo no acampamento mal-construído. Madison levantou-se vagarosamente para que ninguém acordasse também. Espreguiçou-se e tirou a areia de seu cabelo.

— Odeio isso! — Disse limpando-se, em tom baixo.

[C] Madison Montgomery: Eu não costumo acordar cedo mas esta é uma ocasião especial. Alcide me desafiou ontem a noite e hoje ele pagará por isso. Toma essa, lobito!

Madison foi até o estoque do acampamento e viu os peixes que Jin havia pego. Começou a comê-los, alguns mesmo crus, e outros ela simplesmente jogou no chão e pisou em cima, estava se divertindo com a situação. Pegou alguns outros e devolveu a água.

[C] Madison Montgomery: Quando eu era criança, mamãe sempre me dizia que peixe deveria ficar no mar. Bem, mommy, certamente aprendi a lição!

Pegou um peixe em específico e o dividiu em várias partes, fazendo um pequeno rastro. Colocou a última parte do peixe em cima do cabelo de Alcide e deitou-se em seu espaço em cima da cama feita de bambus.

Já no outro acampamento, Melissa colocava mais folhas para manter o fogo aceso. Observou Katniss acordar e sorriu para a garota das flechas.

— Dormiu bem? — Ela perguntou.

— Como um anjo! — Katniss respondeu — Acordou cedo, você, o que deu? — Agora era Katniss quem estava perguntando.

— Donnie roncou a noite toda, não consegui dormir — Katniss riu.

— Felizmente pra mim meu sono é de pedra — Disse.

— Felizmente pra você — Disse, rindo também.

— Aonde estão os outros? — Apesar de meiga, Katniss tinha um espírito de líder, não queria que nada fugisse de seu alcance.

— Ana Lucia foi pegar água e acho que Chris foi ajudar ela também. Marissa e Curtis eu não sei pra onde foram, mas saíram juntos, obviamente algo está rolando.

— Será que eles teriam coragem de fazer aqui? — Sentou-se perto de Melissa, perguntando meio envergonhada, não queria dizer a palavra para ela.

— Sexo? — Melissa logo disse sem pudores. Katniss riu.

— É.

— Eu não sei, todo mundo tem suas necessidades, eu sei que eu pelo menos não estou aqui pra isso — Disse Melissa.

— Nem eu — Katniss concordou.

[C] Melissa: Eu gosto da Katniss, ela é uma boa menina. Certamente alguém que eu apresentaria pro Scott!

— Se você ganhasse o prêmio, com o que gastaria? — Katniss perguntou curiosa.

— Uma rede de hospitais, você não imagina o sufoco que eu passo na cidade que moro... — Respondeu Melissa.

— Você é médica? Minha mãe também é... Algo do tipo! — Katniss disse com um sorriso, estava se identificando com Melissa. Com certeza um laço estava se formando ali.

[C] Katniss Everdeen: Melissa é certamente uma pessoa confiável. Ela é uma mãe de família e enfermeira ainda por cima, quem não gostaria da companhia dela?

— Que coincidência, não?

[C] Melissa McCall: Acho que Katniss está me vendo no jogo como a mãe dela, ou algo assim. Mas é legal. Sempre quis ter uma filha mulher mesmo! Scott, se estiver vendo isso, me perdoe! — Disse descontraída.

— Bem, eu vou ver se tem algo pra fazer no acampamento, com certeza deve ter! — Se levantou e saiu a procura de algum trabalho.

Ao se aproximar do meio dia, os participantes da tribo Guerrero levantaram, com exceção de Alcide, alguns já estavam acordados, mas não tinham disposição para levantar, a noite anterior teria sido exaustiva demais.

— Bom dia, sunshine — Disse Madison, como se nada tivesse feito anteriormente. Espreguiçou-se e bocejou.

— Desde quando você é educada? — Regina perguntou, já levantara de mal humor. Madison ignorou.

— Owol je! Owol je! — Jin apareceu gritando, saindo de uma área pequena do acampamento, aonde ficavam as reservas. Ninguém entenderia ele, obviamente.

— O que o Pastel de Flango quer? — Regina perguntou, estava cansada daquilo tudo e achara que tudo não passara de uma atuação.

— Vou ver — Disse Stefan se levantando. O rapaz foi até aonde ele estava e o viu apontar para o chão. Stefan ficou chocado com o que estava vendo.

[C] Stefan Salvatore: Jin nos fez levantar com aquelas palavras que ninguém entendeu o que significava, fui ver o que era e pra minha surpresa alguém acabou com todo o peixe que tinhamos. Quem faria uma coisa dessas?

— O que foi, Stefan? — Perguntou Charlie, de longe. Stefan saiu de lá e foi dar a má notícia para todos.

— Alguém acabou com todo nosso peixe. Está tudo esbagaçado lá dentro e alguns estão faltando.

— Madison! — Disse Regina imediatamente, havia notado algo estranho no tom de Madison e sabia que ela tinha aprontado.

— O que? Eu lá tenho cara de quem gosta de sushi? Me poupe — Disfarçou, convencendo quase todos, menos Regina.

— Eu acho que a resposta está no nosso nariz — Daniel se levantou e apontou para Alcide — Não no nosso, mas no dele.

Daniel estava visivelmente com raiva. Charlie acordou Alcide, que mal quis levantar. Ele bufou, jogando o pequeno pedaço de peixe que estava em cima dele longe e logo uma verdadeira confusão estava prestes a acontecer.

[C] Daniel Grayson: Aquele Alcide é um verdadeiro filho da puta! Um metido! Como ele teve a audácia de comer o que foi pego para o grupo?

— O que está havendo pessoal? — Perguntou Alcide, sem entender nada.

— O que está havendo? Me diga você! — Disse mostrando os peixes que estavam dilacerados.

— Calma, Daniel! — Charlie pediu.

[C] Charlie Matheson: Daniel está alterado e estou vendo a hora dele quebrar a cara do Alcide.

— Calma o caralho, Charlie! — Respondeu com raiva.

— Eu não fiz nada, estava dormindo o tempo todo! Por quê eu comeria o peixe todo?

[C] Alcide Herveaux: Meu dia começou péssimo. Eu fui acordado, o que eu odeio, e pior que isso, acusado de algo que não fiz. De onde surgiu isso?

— Não sei, me diga você porque tinha peixe no seu cabelo! — Estava confrontando o rapaz, sem medo algum, enquanto Charlie tocava seus braços, segurando-o, não tão firme, pois ele ainda não manifestara alguma força.

— Eu não sei, talvez alguém tenha colocado pra me prejudicar! — Disse, ainda tentando compreender a situação.

[C] Daniel Grayson: Alcide está tentando se esquivar da culpa de todo jeito, mas eu acho que a máscara dele caiu!

— Isso aqui não é novela, idiota — Agora sim começara a gritar, seu rosto tomara a cor vermelha, não podia se controlar — E eu vou fazer os peixes saírem pela sua boca!

Charlie o segurou juntamente de Stefan, que o impediu. Alcide apenas virou a cabeça, estava confuso com a situação.

— Isso cheira a armação e das mal feitas — Regina tomou a liderança — É óbvio que foi Madison que fez isso!

[C] Regina Mills: Aquela Madison pode enganar aqueles trouxas, mas eu reconheço uma armação de quinta categoria quando vejo.

— Por quê eu faria? Eu não sou idiota, não vou ficar nessa ilha sem comer, fofa! — As palavras de Madison eram convincentes, apesar de ninguém confiar nela, não acreditavam que ela apelaria para tanto.

— Vamos ficar calmos — Disse Charlie, empurrando Daniel de leve para longe de Alcide — Alcide, você tem certeza que não fez isso?

— Tenho, Charlie, eu tenho — Ele respondeu.

— Você não é sonâmbulo ou algo do tipo? — Ela perguntou, querendo que aquilo fosse um mal entendido e a paz voltasse.

— Ok, agora você não confia em mim? Ótimo! — Se virou com raiva e saiu.

[C] Alcide Herveaux: E de repente a Charlie pergunta se eu sou sonâmbulo. Eu tenho cara de que seja? Eu não entendo porque estão todos contra mim! — Chorou no confessionário.

[C] Madison Montgomery: Eu estou fazendo de TUDO para não rir na frente desses idiotas. Eles simplesmente caíram na minha e Alcide... Hasta la vista!

[C] Charlie Matheson: O acampamento está uma confusão, tentei ajudar mas as coisas só pioraram. Eu não sei como vamos ganhar um desafio, eu sinceramente não sei.

Richard está na praia, em pé em frente ao que parecia ser um campo de lama, a prova que ali aconteceria certamente não seria agradável para alguns participantes. Ele observou o primeiro grupo chegar ao seu tapete correspondente, era a tribo Juárez que logo parou em cima da faixa vermelha que ali estava.

— Saudações! Agora, vocês irão dar uma olhada para a outra tribo — Disse observando a tribo Guerrero se aproximar.

— Quem saiu? — Chris não conseguia ver direito, por isso perguntou.

— Regina George foi a primeira eliminada do Survivor — Disse enquanto a tribo Guerrero parou no tapete azul. Ninguém da tribo rival parecia estar impressionado, era como se já soubessem o temperamento da mesma.

— Vamos continuar — Disse o apresentador — O que vocês estão vendo em sua frente é um campo de batalhas, feito de lama! O desafio é simples: Um porquinho será colocado no campo, e um participante de cada dupla irá para tentar pegá-lo. O que conseguir pegar primeiro marca o ponto para sua equipe. A primeira equipe que conseguir quatro pontos vence o jogo. Querem saber pelo o que concorrem?

— Sim! — Responderam, eufóricos.

— Como eu sei que alguns de vocês estão usando as mãos para pegar peixes, nada melhor do que um kit de pesca para ajudar a contribuir no alimento. E para a equipe Guerrero, caso vença, também vem incluido uma pederneira, já que vocês ainda não possuem fogo oficial em seu acampamento. Além claro, da imunidade — Os participantes vibraram, Jin principalmente.

— Vamos conseguir esse kit, pessoal — Falou, Katniss.

— Está determinada, moça! — Disse o apresentador — Bem, time Juárez, vocês tem 8, um tem que ser dispensado e não participará desta prova. Vocês tem dois minutos para decidirem.

Os participantes fizeram uma roda e começaram a conversar sobre quem deveria ficar de fora. Ao final do tempo pedido, revelaram.

— Bobby ficará de fora — Ana Lucia disse.

— Ok. Bobby, pegue um lugar no banquinho! — Disse apontando para um assento de madeira que ali estava próximo — Vamos começar! — Ele abriu uma portinhola e entrou no campo do local, sem entrar na lama oficialmente.

— Quem serão os primeiros de ambas as tribos? — Perguntou.

— Eu — Responderam Marissa e Daniel.

— Daniel pelo time Guerrero e Marissa pelo time Juárez! — Uma portinhola se abriu, e de lá, um porquinho rosa saiu — Espero que vocês gostem de se sujar! — Disse o apresentador — Valendo! — Deu início a competição.

Os competidores não perderam tempo e entraram com tudo no lamaçal. O porquinho ficou quieto e parado, bem distante deles, enquanto eles corriam até alcançá-lo. Daniel estava mais ágil que Marissa, e chegou até ele primeiro, mas em sua primeira tentativa de agarrá-lo caiu de cara na lama, ficando com o rosto completamente coberto. Marissa estava lenta no percurso, tinha mais lama em seu corpo do que ela pudesse aguentar, foi até o porquinho que desta vez estava mais perto, mas ele não facilitou novamente e fugiu.

— Ela deveria ter prendido o cabelo — Disse Katniss em cochicho aos seus companheiros de grupo.

Marissa correu novamente para cima do porquinho, mas ele sempre fugia a cada passo que ela dava. Daniel voltou, ainda bem sujo atrás do suíno. A dupla cercou o mesmo em um pequeno canto e ao tentarem agarrá-lo caíram um por cima do outro. Eles eram um desastre. Se levantaram e continuaram a trajetória. Marissa tomou a liderança agora, parecia que Daniel estava mais cansado. Foi até o porquinho e chegou a pegá-lo, mas ele escorregou de suas mãos e a fez cair no chão e para a surpresa da garota, foi Daniel que o agarrou firme, assim, firmando o primeiro ponto para sua equipe.

— Daniel faz o primeiro ponto para a equipe Guerrero! — Disse anunciando a vitória do rapaz — Vamos ao segundo duelo! Desta vez teremos Ana Lucia, pela tribo Juarez contra Madison da tribo Guerrero!

Sem se importar, Ana Lucia começou a tirar toda a sua roupa. Também prendeu seus cabelos, não queria que nada lhe atrapalhasse.

— Por quê você está fazendo isso, Ana Lucia? — Questionou o apresentador.

— Pra ficar mais leve. Madison caso queira, está a vontade também — Disse provocando-a.

— Não sou caminhoneira — Respondeu a loira.

— Essa vai ser uma disputa e tanta! Preparadas? Vão! — A portinhola se abriu soltando outro porquinho. Ferozmente Ana Lucia entrou em campo e mergulhou de cara na lama, já Madison não estava tão acomodada assim, na verdade, mal conseguia andar de tanto nojo que sentia. Regina Mills observava a garota com os olhos revirando.

— Suíno filho da puta! — Disse Ana Lucia ao perdê-lo em sua primeira tentativa. Percebeu que Madison sequer se movia e não se preocupou com a rival. Pulou em cima do porquinho novamente e só encontrou a lama como resposta. Cansada de se levantar várias vezes, resolveu ir se arrastando mesmo. Ana Lucia rolou na lama, se "ocultando" do animal, e se aproximou dele sem que o notasse. O porquinho continuou parado e foi surpreendido pela latina que o pegou soltando vários palavrões.

— Eu sou foda!! — Dizia comemorando.

— Ana Lucia marca o ponto para a tribo Juárez! Nossa próxima batalha: Curtis da tribo Juárez, contra Alcide da tribo Guerrero! Preparados? Vão! — Mais outra portinhola se abriu e o porco saiu, desta vez, um maior do que os anteriores, certamente mais difícil de ser pego. Com toda sua força Alcide avançou gritando, o que incomodou muitos ali, principalmente Curtis que seria seu rival de disputa que ficou amedrontado imediatamente. O porco então, parecia estar traumatizando com os gemidos grossos do rapaz, corria igual louco mesmo quando não havia nada por perto. Curtis tentou usar da mesma tática de Ana Lucia mas o animal era instável e não havia como dar certo. Alcide pulou em cima de um grande espaço de lama e o fez voar pra longe, atingindo o cabelo de Madison que mostrou o dedo do meio, o porco obviamente fugiu, mas ainda assim o participante estava feliz pelo que causara. Continuou a persegui-lo e juntamente de Curtis o cercou. Era a hora e apenas um ali sairia com o porco em suas mãos. Curtis resolveu dar o primeiro passo mas escorregou na lama e caiu de costas, fazendo o porco ir na direção contrária, na qual Alcide o pegou sem dar chance de escape.

— Alcide marca o segundo ponto da tribo! — Os participantes foram a loucura, nem acreditavam que após o banho que levaram anteriormente, estavam dando a volta por cima — Vamos a terceira dupla, que é Donnie e Stefan! Preparados? Vão! — Correram para a lama após verem a portinhola ser aberta, outro porco menor apareceu e eles começaram a correr. Donnie logo escorregou, não tinha muita habilidade em correr e ainda mais na lama. Já Stefan parecia que estava voando sobre o lugar, era como se ele nem pisasse na lama, dava passos largos e tinha uma boa velocidade, estava surpreendendo a todos. O rapaz teve várias oportunidades de pegar o porco, mas acabou perdendo-o, porém, não desistiu. Donnie por sua vez parecia estar entalado, sequer se movia e era como estivesse afundando.

— Há alguma chance de ter uma areia movediça aqui? — Ele perguntou rindo da situação.

— Não, 0% de chance — Richard, o apresentador respondeu.

Donnie estava pior que Madison, conseguia mover-se do quadril pra cima, mas embaixo os esforços eram mínimos. Lutou até ouvir Stefan comemorar o porco que conseguiu pegar finalmente.

— Equipe Guerrero simplesmente detonando na prova! Parabéns, Stefan — Sua equipe não poderia estar mais feliz — Próxima disputa: Charlie versus Katniss! — Ele anunciou — Charlie, se você vencer esta, seu time sairá vencedor desta prova.

— Eu irei — Ela respondeu confiante. A produção terminou de tirar Donnie da prova e logo liberou o campo. A portinhola foi aberta — Prontos? Vão! — As duas garotas entraram sem medo, era como se fossem gêmeas pois possuiam as mesmas atitudes, iam com velocidade e estavam dispostas a aceitar o desafio. O porco fogia e elas não davam mole em correr atrás dele novamente, coladas uma a outra praticamente. Charlie começou a fazer alguns barulhos estranhos durante a passagem.

— Vem, Piggy, Piggy! — Disse enquanto roncava, fazendo barulhos de porco e deixando Katniss completamente enjoada.

— Isso é necessário mesmo? — Ela perguntou com raiva dos barulhos, mas Charlie a ignorou.

— Piggy, piggy, piggy, vem! — Continuou a roncar e a chamar pelo animal enquanto corria. Katniss não se conteve. Abaixou e juntou um punhado de lama em seu braço enquanto a garota corria. Mirou e jogou nos cabelos de Charlie.

— O que você fez, vadia? — Disse se virando e vendo um sorriso sarcástico em Katniss. Abaixou e começou a pegar lama também e assim ficaram, sujando uma a outra, até que se colidiram e rolaram no chão de lama, enquanto o porco estava parado.

— O que está acontecendo? — Perguntou o apresentador rindo da situação.

— Foco, Charlie! — Pediu Regina.

Elas estavam ralando uma a outra na lama, sem agredir fisicamente. Charlie ficou por cima de Katniss e juntou uma grande quantidade, jogando no rosto da garota em chamas. Levantou-se de cima da mesma e voltou a correr atrás do porco como uma selvagem. Katniss cuspiu a lama e levantou também, voltou a prova e as duas ficaram amedrontando o porco.

— Piggy, piggy! — Disse Charlie roncando.

— Eu vou ter que te sujar de novo, vadia? — Perguntou Katniss.

— Você pode tentar — Disse Charlie, falando com Katniss, mas mantendo sua vista no porco. Viu o mesmo fazer uma passagem e pulou em cima, o agarrando fortemente, fazendo com que ele quem grunhisse agora. Katniss sequer teve tempo de acompanhar.

— É pra pegar o porco, não matá-lo! — Disse Katniss.

— Charlie marca o quarto ponto e Guerrero vence Kit de Pesca, Pederneira e Imunidade! E Charlie, você pode largar o porco.

— Desculpa! — Disse soltando o porco que correu rapidamente.

— Parabéns, tribo Guerrero! — Eles comemoraram bastante. Foram até o rapaz e pegaram a pedra que é simbolo da imunidade tribal — Madison, você parece a mais contente, não?

— Estou mesmo, Rich! Essas vadias tentaram de tudo mas não conseguiram nos impedir.

— Bem, eu consegui — Disse Ana Lucia se gabando.

— Mas seu time não, olhe só também, só velhos e gordos — Disse Madison que adorava provocar.

— Mesmo velhos e gordos ainda vencemos o primeiro desafio — Respondeu a latina, e se dependesse dela não pararia por ali.

— Mas agora perderam e vá se ferrar sua Shakira versão torrada! — Disse a loira mostrando o dedo do meio.

— Não vamos tornar isso algo pessoal, por favor! — Interrompeu o apresentador, vendo o rumo do que aquilo tomaria — Tribo Juárez, vocês irão para o Conselho Tribal, para vocês com certeza será uma tarde bem interessante. Podem voltar ao acampamento pois não tenho nada pra vocês — Eles se retiraram de volta a seu acampamento.

— Vocês podem pegar o prêmio de vocês, vitória merecida — A tribo pulou bastante. Eles pegaram o kit de pesca e a pederneira e seguiram seu caminho.

De volta ao acampamento da tribo Juárez, os participantes estavam visivelmente frustrados. Katniss tomou as rédeas e decidiu quebrar o gelo.

— Eu sei que tive culpa em parte da nossa perca, mas desculpa, pessoal, não consegui me controlar com aquela garota — Pediu honestamente.

— Tudo bem, você fez seu melhor — Disse Bobby — Pelo menos você tentou — Mandou um indireta certeira para Donnie, que se calou.

— Como Ana Lucia está? — Katniss a observou de longe, ela estava sentada, estava triste e afastada do grupo.

— Eu acho que as palavras da Madison a atingiram — Disse Chris, meio preocupado com ela.

— Eu falaria com ela, mas acho que não nos batemos muito bem — Katniss disse.

— Eu vou — Melissa se voluntariou. Ela caminhou até a garota e sentou a seu lado — Você está bem? — Perguntou.

— Não, eu não estou bem — Estava prestes a chorar, se sentira completamente humilhada.

[C] Ana Lucia Cortez: Eu estou arrasada, o que Madison fez não vale minha presença aqui. Ela não destruiu minha reputação, destruiu meus sentimentos, me sinto um lixo por dentro — Chorou.

— O que posso fazer por você? — Melissa perguntou doce, ela certamente tinha um espírito de mãe e como as mães, em seu coração sempre cabia mais um.

— Eu não sei se pode, ou se alguém pode. Ela me desmoralizou ali! — Agora, desabou em lágrimas. Ana Lucia desabou em lágrimas, era a primeira vez que se mostrara tão frágil assim, só ela sabia o quanto tinha segurado em tão pouco tempo. Melissa a acariciou e deitou sua cabeça em seu colo.

— Você pode falar o que está sentindo comigo — Disse, compreensiva.

— Eu sinto como se estivesse envergonhado as pessoas da minha região! — Disse chegando a soluçar.

[C] Ana Lucia Cortez: Espero que as pessoas latinas estejam orgulhosas de mim pois estou fazendo o meu melhor para representá-los aqui! Eu não sou uma pessoa ruim, eu sei que não!

— Ei, você não o fez. Não desapontou ninguém. Não ligue para o que aquela bastarda disse, ela nem conhece você! — Estava tentando reanimá-la — Você é mais forte que isso e sabe disso!

— Eu não sei, mas estou pensando em desistir, Melissa, não aguento ataques pessoais. Ela ainda falou da minha cor!

— Você não vai desistir! — Melissa via Ana Lucia como ninguém da tribo via, ela era forte por fora, mas por dentro, um mar de emoções — Por favor, não faça isso, você é importante aqui.

— Vocês já tem a Katniss — Disse, agora menos chorosa que antes.

— O que seria dela sem você e vice versa? — Disse sorrindo. Ana Lucia levantou-se e enxugou as lágrimas. Ela abraçou Melissa.

— Obrigada! — Mostrou-se agradecida de verdade.

— De nada! Vamos voltar, teremos muita tensão ainda nesse acampamento!

— Ok, vamos — E saíram.

Já na tribo Guerrero, enquanto os outros participantes comemoravam, Jin pescava entre as rochas na praia. Observou Regina sentar-se bem próximo a seu lado.

— Olá, Jin — Disse com um sorriso no rosto. Ele não respondeu, pois ainda tinha o plano de fingir que não entendia nada — Ah, esqueci, você não fala nossa língua, não é? — Ele continuou pescando — Mas eu me lembro muito bem de ontem a noite quando você entendeu exatamente o que tinha que fazer quando o Rich o chamou para ser o primeiro a votar — Ela estava com um sorriso sarcástico no rosto, e ele, assustado com a inteligência dela.

[C] Regina Mills: Jin é esperto, mas eu sou mais e posso precisar dele no futuro. Contando que fique nos alimentando e de boca fechada me obedecendo será o suficiente.

— Você me pegou — Disse ele, cedendo.

[C] Jin-Soo Kwon: Regina me pegou, não menti, mas isso não significa que aceitei. Ela vai pensar que foi fácil, mas não foi. Eu ainda tenho outros truques na manga.

— Então, você fará tudo que eu disser nesse game ou os demais da tribo saberão que a linha por trás desse anzol não é tão grande como se imagina — Disse rindo, e se retirou.

— Vagabunda — Ele falou com raiva.

[C] Regina Mills: Jin sabe que se tentar me dedurar não terá escape. Ele está nas minhas mãos. Na verdade isso foi mais fácil que tirar doce de criança. Ou melhor, que tirar isca de peixe.

Os participantes da tribo Juárez, agora estavam juntos, incluindo Melissa e Ana Lucia que acabavam de chegar. A latina por sinal, mais tranquila que antes.

— Eu acho que somos uma boa equipe, então cada um faça da melhor maneira que achar — Disse Katniss — A não ser que tenham uma ideia melhor.

— Eu acho que é óbvio, Katniss, Donnie ficou na prova igual uma mula — Disse Bobby. Donnie já havia percebido as indiretas, mas dessa vez seu nome havia sido citado.

[C] Donnie Hendrix: Bobby foi excluído da prova de hoje por não servir pra nada e começou a jogar a culpa toda pra cima de mim. Aquele velho está tentando me queimar por alguma razão!

— Pelo menos eu participei.

— Participou? Porque você ficou parado ali, sem mover um músculo — Disse afrontando-o.

— Bem, e você que nem isso? Não foi escolhido porque era um inútil e nos atrasaria, esse é o motivo de você ter ficado de fora — Disse Donnie, agora agressivo, surpreendendo a todos.

— Ninguém é inútil aqui — Disse Katniss, inconformada com o jeito que ele tratara seu amigo.

— Não tente defendê-lo, Katniss, isso é um jogo para ser jogado e não para arrastar pessoas — Disse Donnie, colocando Bobby na berlinda assim como o mesmo o fizera.

— Você me pareceu arrastado o suficiente quando os meninos da produção te ergueram, Donnie — Katniss continuava a defender Bobby.

— Eu não vou ficar aqui ouvindo essas baboseiras — Disse Marissa que saiu, sendo seguida por Curtis que concordou com ela.

— Nem eu, qualquer coisa que queiram falar comigo, estarei lá dentro — Disse Ana Lucia, que estava cansada. Logo, todo o grupo se separou, ficando apenas Chris, Katniss e Bobby juntos no mesmo lugar.

— Ele é um abusado! Eu não gostei da forma como ele te desrespeitou, Bobby — Disse Katniss.

— Vocês pensam em votar nele hoje? — Chris perguntou, aproveitando da situação.

— Depois do que vi, sim — Bobby respondeu. Katniss ainda não tinha certeza.

— Eu tenho que pensar — Disse Katniss, que apesar de estar furiosa com Donnie, tinha que agir racionalmente, não emocionalmente para vencer o jogo. Ela saiu para esfriar a cabeça.

[C] Bobby Singer: Eu confio em Katniss, ela é uma ótima menina, mas isso é um jogo e dinheiro está na roda. Ela pode me eliminar num piscar de olhos. Espero que não faça.

Marissa e Curtis andavam por uma trilha, conversando sobre estratégias do jogo, ainda não tinham decidido o que fazer.

— Você vai votar comigo? — Ela perguntou.

— Absolutamente — Disse ele.

— Eu acho que Bobby e Donnie possuem a mesma relevância, que é nenhuma, pra ser honesta.

— Eu também, mas qual nos livramos primeiro e como?

— Temos que reunir votos suficientes. Katniss por exemplo não votaria em Bobby — Disse a garota de cabelos castanhos. Eles foram alcançados por Donnie, que estava desesperado sobre a situação.

— Por favor, não escrevam meu nome! — Pediu.

— Nós temos que fazer o melhor pra tribo — Disse Marissa, misteriosa.

— Aquele velho rabugento nem move o traseiro, fica deitado o dia inteiro sem fazer nada.

[C] Marissa Cooper: E o que você faz? Eu só fui te notar agora!

— Isso é verdade, mas enfim, se você vai votar no Bobby, ok, iremos pensar — Disse Marissa, fria, não dava uma abertura pra ele.

— Ok, pensem com carinho — Saiu, igual um tolo para eles.

— Ele está praticamente morto — Disse Curtis rindo.

Ana Lucia dormia dentro do acampamento de sua tribo. Melissa estava a seu lado, apenas deitada. Chris entrou para falar com a dupla.

— Ela está bem? — Perguntou, gostava dela, mas estava mais focado no jogo no momento.

— Agora sim, mas tenho medo que ela vá desistir — Disse Melissa cochichando para não acordá-la.

— Eu espero que ela não o faça, pois estragaria meus planos — Disse o rapaz seguindo os tons dela.

— E quais seriam? — Perguntou se aproximando.

— Nossa tribo precisa ficar forte pra não perder os próximos desafios e Bobby é um arrastado, todos sabem disso... O problema é que Donnie é outro.

— O que você sugere então? — Não entendia em que rumo ele queria chegar.

— Curtis e Marissa são inseparáveis. Isso pode ser um problema no futuro. Donnie e Bobby? Quem se importa com eles?

[C] Melissa McCall: Eu sempre achei Chris quietinho na dele, mas subestimei suas capacidades. Ele é ótimo em pensar. Mas isso me faz ficar com medo.

— Curtis e Marissa serão dois votos futuramente, isso é um problema enorme, Melissa — Disse tentando convencê-la.

— O quê? — Ana Lucia havia acordado, na verdade ela apenas tinha cochilado e havia ouvido já boa parte da conversa — Por quê não tirar um dos outros que nos prejudicam?

— Por quê não tirar alguém que possa ser uma ameaça? — Ele disse.

[C] Ana Lucia Cortez: Acordei e ouvi um plano de eliminar Curtis. Certamente Chris quer ser o macho alfa da casa e ele é o único que o impede.

— Pensem nisso! — E saiu. Melissa e Ana Lucia se olharam assustadas com o que acabara de acontecer.

— Você tem alguma ideia do que fazer? — Perguntou Ana Lucia, ainda não certa de que estava acordada.

— Sim, mas você não vai gostar muito.

Do lado de fora do acampamento, Katniss conversava com Marissa e Curtis sobre o que poderia acontecer naquela noite.

— Eu não voto no Bobby, já disse — Katniss falou, firme.

— Ok, Donnie então? — Curtis queria confirmar o voto.

[C] Marissa Cooper: Curtis fechando acordos, era pra EU estar em liderança, não ele. Isso é um saco.

— Até segunda ordem é o que fica — Disse Katniss. Ana Lucia e Melissa saíram e observaram o trio junto, conversando, já sabiam do que se tratava.

— Ei, vocês, venham aqui — Chamou Katniss. Elas foram até os três — Alguma ideia do que fazer? — Perguntou Katniss.

— Eu acho que sim. E ainda bem que Marissa e Curtis estão aqui, certamente vão gostar de ouvir do que soubemos — Disse Ana Lucia.

Na praia, Donnie estava fazendo ioga em cima da areia. Fazia barulhos com a boca e tentava relaxar.

— Ei — Chamou Chris.

— Por favor me diga boas notícias — Pediu desesperado.

— São boas. Mas você vai ter que fazer exatamente o que eu pedir.

— Certo.

— O voto de hoje é no Curtis. Já tenho mais duas pessoas comigo e você sendo a quarta podemos eliminá-lo.

— Por quê ele?

— Quer ser salvo ou não? — Estava sem paciência.

— Ok. Eu faço.

[C] Donnie Hendrix: Chris chegou a mim e disse que votariam no Curtis, por quê fariam isso? Eu não sei, mas contando que eu me beneficie, eu faço.

Os oito participantes caminham pela estrada de pedras, levando suas tochas em direção ao conselho tribal. Ali, Richard estava os esperando ansiosamente.

— Essa é a área do conselho tribal. Peguem suas tochas e aproximem ao fogo e as acendam. O fogo no jogo representa sua vida e uma vez que seu fogo se for. Você também irá — Os participantes acenderam a tocha no fogo e a colocaram atrás de seus respectivos bancos e sentaram.

— Começamos por você, Ana Lucia, me falaram que seu dia foi difícil hoje, explique isso.

— Bem, eu estive mal pois Madison me atacou pessoalmente na prova, mas está tudo bem agora.

— Eu ouvi que você queria desistir, você ainda quer? — Perguntou.

— Não. Eu quero ficar o tempo mais longo que puder.

— Certo. Mais alguém aqui quer ficar o tempo mais longo que puder? — Perguntou e foi respondido por todos que levantaram a mão — Bem, certamente um de vocês não ficará por hoje. Bobby, a que se deve a derrota de hoje?

— Donnie

— Curto e grosso?

— Exatamente — Donnie riu, ainda não acreditando no que ouvia.

— O que você diz em sua defesa, Donnie? — Perguntou o apresentador.

— Olhe para essa tribo, Richard, nós temos uma garota que se dói por comentários idiotas...

— Não venha falar que o que eu sinto ou não é idiota, seu filho da puta mal educado! — Disse imediatamente surpreendendo a todos.

— E como eu estava dizendo, uma garota que aparentemente não bate bem da ideia, e que provavelmente desistirá em alguns dias e esse velho que simplesmente não faz nada.

— Katniss, se você fosse fazer uma lista dos que mais trabalham no acampamento, em que posição Bobby ficaria? — Perguntou, querendo por lenha na fogueira.

— Sete — Respondeu

— Quem seria o oitavo? — Ela perguntou.

— Donnie. Ele reclama tanto que não o vi fazer nada até hoje.

— O que você acha disso, Donnie?

— Eu acho que eu fiz o meu melhor nesse jogo, mas as pessoas preferem carregar outras do que fazer algo realmente importante.

— Bobby, você acha que é carregado? — O apresentador perguntou.

— Estamos aqui há apenas 5 dias, Richard, quem pode ser ou não ser carregado nesse tempo? É nosso primeiro conselho tribal — Bobby era obviamente muito bom com as palavras.

— E se depender de você, provavelmente este não será o último — Donnie provocou.

— Certamente se eu causar alguma derrota eu assumirei, não irei por culpa em areias movediças inexistentes.

— O que? Eu realmente senti algo me puxando pra baixo! Tinha uma areia movediça sim.

— Você foi o único que a sentiu, né?

— Você pode dizer o que quiser, Bobby, mas eu senti a areia movediça me sugando. Você não estava lá, porque não tinha capacidade pra estar e por isso deve sair hoje.

— Bem, com todo esse drama, Marissa, aonde você fica?

— Eu fico conturbada, Richard, porque apesar dessa rivalidade entre os dois "fazem nada" da tribo há uma espécie de "aranha traiçoeira" nesse jogo — Se referia a Chris.

— O que quer dizer, Marissa? — Perguntou o apresentador.

— Que tem gente se aproveitando deste drama pra tentar tirar outros competidores do jogo. Eu não vou citar o nome do Chris, não pera, já citei.

— Isso é verdade, Chris?

— Então, Richard, tudo que eu disser vai ser usado contra mim então eu prefiro sentar e esperar meu advogado — O apresentador riu.

— Ok, então vamos esperá-lo enquanto votamos. Vocês irão encontrar uma caixa ao final da passagem, e também papéis e uma caneta, aonde devem escrever o nome da pessoa que querem eliminar do jogo. Dobrem o papel e guardem na caixa, podem justificar para a câmera o voto se quiserem, é opcional. Então voltem para votar. Entendidos?

— Sim, todos responderam.

— Chris, você começa.

Chris foi até o caminho das pedras e chegou até a bancada aonde pegou o papel e escreveu o nome da pessoa desejada. Ele disse para a câmera — Provavelmente seriamos amigos fora daqui, mas a situação é outra e não tive escolha — E guardou o papel. Outros participantes também foram votar, um por vez, aleatoriamente. A última a votar foi Marissa, que logo voltou a seus aposentos rapidamente.

— O que foi, Marissa? — Perguntou estranhando a pressa da garota.

— Tem algumas cobras por aqui — Causou risada do pessoal — Digo, cobras no sentido cobras animais mesmo — Observava as cobras passeando pelo conselho tribal, tinha medo, mas não perdia o sorriso em seu rosto.

— Com cobras ou não eu vou contar os votos — Foi até a caixa e a levou para a parte central do conselho tribal — Uma vez que os votos forem lidos a decisão é final, o participante eliminado deve deixar a área do conselho tribal imediatamente. Vou ler os votos.

Donnie cruzou os dedos para que tudo desse certo, enquanto Chris rezou, temendo que seu nome aparecesse. Ana Lucia, Katniss, Marissa e Melissa se olharam afirmando com a cabeça.

— Primeiro voto: Curtis — Disse mostrando o voto, em seguida, pegou o próximo — Segundo voto: Donnie — Donnie mostrou-se frustrado ao ver seu nome, tinha esperanças que não acontecesse, mas torcia para que escapasse da situação — Terceiro voto: Donnie. Dois votos Donnie, um voto Curtis. Quarto voto: Donnie — Disse pegando mais um voto — Quinto voto: Donnie — Agora, Richard pegou o papel e leu em voz alta — Sexto voto e segundo eliminado do Survivor Acapulco: Donnie, são cinco votos e é suficiente, você precisa me trazer sua tocha.

Donnie ficou abalado, começou a chorar enquanto pegava sua tocha. A levou para Richard e a posicionou para que fosse apagada.

— É uma pena vocês serem tão maus jogadores — Disse em suas últimas palavras.

— Donnie, a tribo decidiu — E apagou a tocha dele. Donnie foi em direção ao caminho de saída, visivelmente abalado.

— Em seu primeiro conselho tribal vocês optaram por manter a força em seu time. Mas antes de controlarem a força de seus corpos, precisam controlar a força da mente ou então nos veremos aqui mais uma, duas ou três vezes. Espero que com a eliminação de hoje seja o suficiente para unir vocês novamente. Peguem suas tochas e voltem para o acampamento. Boa noite — Despediu-se.